Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

‘Perdi tudo dias antes da minha filha nascer’

Giovana Cerqueira, 19 anos, deu à luz em abrigo em Petrópolis dias depois de ter a casa destruída em deslizamento de terra

Por Giovana Cerqueira, em depoimento a Duda Monteiro de Barros
Atualizado em 23 fev 2022, 16h10 - Publicado em 23 fev 2022, 16h09

“Por volta das 4h da tarde do dia 15 de fevereiro fui buscar minha filha mais velha na escola, como faço todos os dias. Chovia muito, mas não dava para imaginar o que estava por vir. Precisei me abrigar em um mercado no meio do caminho. O barulho da água era cada vez mais forte, as ruas enchiam como nunca e barreiras começaram a cair. Assim que houve uma trégua, corri para a casa da minha sogra. Tentei, então, ligar para os meus pais. Não tinha feito contato com eles até esse momento. Quando me atenderam, tive a notícia de que nossa casa havia desabado. Eu morava em uma casa ao lado da deles, no mesmo terreno. Não sobrou nada.

Apesar da perda, tivemos a sorte de sairmos todos vivos. Eles estavam dormindo na hora que a casa começou a desmoronar, mas os vizinhos começaram a gritar até que meus pais despertaram e fugiram, sem conseguir levar nada além da roupa do corpo. Por pouco não foram soterrados. Agora estão abrigados na Escola Paroquial Bom Jesus, junto com dezenas de outras famílias. 

Eu estava grávida de nove meses e a previsão era que Ana Alice nasceria no carnaval. Mas a criança é quem escolhe o momento de vir ao mundo. Ela se apressou e quis vir menos de uma semana depois das chuvas. Comecei a sentir contrações na madrugada de domingo, 20 de fevereiro. Esperei amanhecer e saí da casa da minha sogra, onde sigo morando até agora, e fui até a escola ver minha mãe. Ela levantou para me acompanhar na ida ao hospital Alcides Carneiro. Mas não deu tempo de chegar à sala de parto. 

Três funcionárias da escola, duas delas da área de saúde, perceberam que a bebê estava nascendo. Eu sentia dores cada vez mais fortes e a neném empurrando para sair. Me colocaram em uma salinha, viram a minha dilatação e começaram a orientar meu trabalho de parto. Nunca imaginei que teria um filho fora do hospital. Apesar de totalmente fora do planejado, ocorreu tudo bem.

Só após o nascimento fui ao hospital e fiquei lá durante três dias, até receber alta. Nem eu nem minha filha tivemos complicações. Em meio a essa catástrofe, estou muito feliz por dar à luz essa nova vida. Perdi todo o enxoval da Ana Alice na tragédia, mas em uma semana, graças a Deus, conseguimos bastante itens de doação. Se não fosse por essa solidariedade, eu não teria como comprar novamente tudo o que minha bebê precisa. Agora estamos bem, na medida do possível. Vivendo um dia de cada vez.”

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.