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Paulistano perde 112 quilos sem cirurgia e ganha 172 mil seguidores

Após um drama familiar, com a morte do pai por um AVC, Gustavo decidiu emagrecer sem cirurgia e sem medicamentos

Por Fernanda Bassette
26 abr 2018, 16h36

A morte repentina do pai, vítima de um AVC (acidente vascular cerebral) hemorrágico aos 57 anos de idade, foi o que fez o professor de inglês Gustavo Henrique Pinto Victor, hoje com 34 anos, se dar conta de que era uma bomba relógio prestes a explodir. Obeso mórbido que chegou a pesar mais do que 200 quilos, Gustavo não conseguia entender por que seu pai, magro e referência na família sobre vida saudável, havia partido tão cedo e tão inesperadamente. “Entrei em depressão profunda com a morte dele e a válvula de escape foi a comida. Então eu pensei: se eu não me cuidar, o próximo da fila sou eu. E não posso deixar minha mãe sozinha”, relata.

A espetacular perda de 112 quilos em pouco mais de três anos – sem cirurgia e sem uso de medicamentos – fizeram Gustavo ganhar uma legião de seguidores no Instagram: hoje ele acumula 172 mil fãs que acompanham diariamente suas postagens e dicas de emagrecimento saudável. “Tem gente que me conta que perdeu 50 quilos depois de me conhecer. É muito gratificante
receber esse tipo de feedback”, diz.

Esse incentivo virtual, inclusive, rendeu frutos ao professor que passou a ser procurado por grandes marcas esportivas por ser um influenciador digital. Atualmente Gustavo mantém um contrato com a Adidas cujo objetivo é divulgar o programa de corrida da marca. Para dar conta do recado, ele está sendo preparado para correr a Maratona da Disney, em 2019. Ao todo, são quatro dias de prova: cinco quilômetros no primeiro dia, dez no segundo, 21 km no terceiro e 42 km no último dia.

Mas nem tudo foi tão fácil como parece. Gustavo conta que desde a infância foi uma criança acima do peso, mas nunca ninguém da família se preocupou com isso. Aos 10 anos de idade, pesava 55 quilos (enquanto o recomendado para a idade gira em torno de 38 quilos) e ouviu da professora que era um absurdo ele ter o mesmo peso que ela. Abalado com o primeiro “choque de realidade”, Gustavo contou o que aconteceu para a mãe, que o levou em um médico. “Cheguei a fazer dietas, mas nunca consegui emagrecer de verdade.”

Por volta dos 18 anos, um segundo trauma o fez ganhar mais peso. A família toda foi sequestrada e levada a um cativeiro. Gustavo, por ser o mais jovem, era sempre o alvo das ameaças. Todos saíram ilesos, mas o jovem não conseguiu se recuperar do susto. Mudou-se para Londres, onde foi aperfeiçoar o inglês durante seis meses, e por lá engordou mais de dez quilos, alcançando cerca de 150 quilos. “Eu nunca tinha andado de avião. Quando entrei e vi as poltronas me assustei, pois eu não caberia ali. Fiquei super constrangido com os passageiros ao lado, tive que pedir o extensor do cinto de segurança e viajei com o braço da cadeira erguido. Nunca me esqueço desse dia”, conta.

De volta ao Brasil, Gustavo teve de lidar com outro fator que o angustiava: ele havia se descoberto homossexual, mas não podia contar isso para ninguém, tinha medo da reação dos pais e dos amigos. Por anos se escondeu e travou essa luta interna contra ele mesmo. Chegou até a namorar meninas para tentar “se enquadrar na sociedade”. A ansiedade e o medo o fizeram buscar na comida o conforto e a paz. “Comer era a minha válvula de escape. Bolacha recheada, muito pão, massas, refrigerantes. Comia muito e de forma desregrada.”

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A reviravolta

As situações constrangedoras só aumentavam. Gustavo quebrou uma cadeira em uma festa de casamento, vivia molhado de suor por causa da transpiração excessiva e chegou ao ponto de ter de trocar de carro porque o veículo da família não comportava o seu tamanho. A última subida na balança apontou 197 quilos. Associando todos esses fatores à perda precoce do pai, o professor decidiu então procurar um cirurgião para reduzir o tamanho do estômago. Mais uma vez ouviu algo desagradável: “Você está tão gordo que não dá nem para operar. Vai precisar perder pelo menos 15 quilos e depois
conversamos”. Um balde de água fria.

O professor então procurou uma médica que lhe passou uma série de fórmulas anorexígenas que o fizeram perder 20 quilos em um mês. Em contrapartida, ele se tornou uma pessoa extremamente irritada, impaciente, com mau hálito e com frequente mau humor. “Percebi que o remédio não fazia bem para o meu organismo. Eu precisava perder peso de outra forma”, diz.

Gustavo buscou ajuda com uma nutricionista especializada em pessoas obesas e um personal trainer para orientá-lo nas atividades físicas. Tudo devagar, um dia após o outro. Não cortou toda a comida de uma vez – foi adaptando seu cardápio inserindo frutas, legumes e verduras e reduzindo o consumo de carboidratos e refrigerantes. “O que eu mais senti falta na época foi da fritura. Adorava um frango à milanesa”, brinca. Na atividade física, começou caminhando e disse ao seu personal que
tinha como meta correr. E foi treinando aos poucos até conseguir correr seus primeiros cinco quilômetros. Também entrou numa academia para ganhar massa muscular e reduzir a flacidez. Foi nessa época que decidiu criar uma página no Instagram só sobre isso – os amigos estavam reclamando que sua rede social estava ficando muito chata. “Comecei com poucos seguidores, mas em pouco tempo tinha 3 mil. Depois 10 mil, 30 mil. Hoje são 172 mil. Fico muito feliz por conseguir motivar as pessoas a terem uma vida mais saudável.”

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Gustavo ainda tem o excesso de pele na barriga e no interior das coxas, resultado da sua perda de peso. Vai operar em junho, mas por questões práticas e não estéticas. “Eu devo ter uns cinco quilos de excesso de pele. Para quem corre, esse peso faz diferença. Como vou correr a maratona, preciso me preparar. Mas digo para todo mundo: meu excesso de pele é meu troféu. É ela que mostra o resultado de todo o meu esforço. Essa pele é parte da minha história.”

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