Pai de uma das vítimas do acidente do voo 447 da Air France, em 2009, Renato Cotta iniciou nesta terça-feira o projeto que considera o mais importante de sua vida. Ele faz parte da equipe de pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos e da França encarregada de desenvolver sensores de velocidade mais seguros para as aeronaves.
A pane no equipamento, conhecido como pitot, foi apontada pelo Escritório de Investigações e Análises (BEA, na sigla em francês) como o ponto de partida para a série de eventos que levaram ao acidente do 447, matando 228 pessoas – entre elas Bianca Cotta, filha de Renato.
O novo laboratório será coordenado por Renato e por seu colega Átila Silva Freire. Ambos são professores do programa de engenharia mecânica do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), da UFRJ.
“Mais do que um dever, tenho a missão de usar meus conhecimentos e de meus parceiros para que acidentes como este não voltem a acontecer. A motivação profissional anda junto à emocional, porque estou trabalhando não só pela Bianca, mas por todas as 228 famílias”, disse o pesquisador.
O primeiro protótipo de um novo sensor de velocidade deve ficar pronto entre 24 e 36 meses. O custo estimado é de R$ 3 milhões, que inclui a construção de um túnel de vento, capaz de calcular as condições de funcionamento do pitot em temperaturas muito baixas, que será o primeiro do Brasil. Segundo o BEA, a pane dos sensores do Airbus foi provocada pelo congelamento deles.
(Com Agência Estado)