A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco informou nesta quinta-feira que as hipóteses mais prováveis para a morte do foragido da Operação Turbulência Paulo César de Barros Morato, de 47 anos, são suicídio ou infarto. A causa da morte só deve ser revelada na próxima semana, depois de peritos concluírem os laudos com o resultado de exames complementares no cadáver e no local do crime, um quarto no motel Tititi, em Olinda (PE).
Segundo o secretário-executivo de Defesa Social, delegado federal Alexandre Lucena, o corpo não tinha sinais de violência, mas a suspeita de homicídio não pode ser completamente descartada. “Nós temos 31 horas de gravação de câmeras de vídeo para observar”, informou.
De acordo com a Secretaria de Defesa Social, Morato vinha sofrendo “grande pressão”. Ele tomava remédios para diabetes e hipertensão, conforme Lucena. “Estava na idade de risco. Era obeso e estava sob stress intenso”, relatou o secretário. Alguns frascos de comprimidos foram apreendidos na cena do crime.
O foragido estava vestido com uma camiseta branca, calça jeans escura e meias brancas. Foi encontrado estirado na cama, de barriga para cima, com o controle remoto jogado ao lado no colchão. Segundo Lucena, todos os objetos pessoais de Morato estavam no quarto. A polícia apreendeu remédios para hipertensão e diabetes, sete pen-drives, três celulares, carteiras, 3.000 reais em dinheiro, três cheques em branco, 53 envelopes bancários para depósito e vários óculos de sol. A Polícia Federal acompanha as investigações e analisa o material apreendido. O material foi encaminhado para a Polícia Federal.
LEIA TAMBÉM:
Empresário foragido chegou sozinho e se trancou no quarto, dizem funcionários de motel
Os investigadores já sabem que Morato havia entrado no motel ao meio-dia de terça-feira, horas depois de a PF deflagrar a operação da qual era alvo. Na quarta-feira, horas antes de o corpo ter sido encontrado, a PF divulgou um retrato de Paulo Morato. Funcionários do motel relataram que ele permaneceu o tempo todo trancado.
Segundo os investigadores, Morato era um dos testas de ferro de uma organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro que foi alvo da Polícia Federal. Ele e outros comparsas movimentaram 600 milhões de reais nos últimos seis anos. A Polícia Federal encontrou indícios de que o esquema foi usado por políticos e teria servido à campanhas do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, em 2010 e 2014. Uma empresa de fachada em nome de Morato, a Câmara & Vasconcelos Locação e Terraplanagem, recebeu um repasse suspeito de 18,8 milhões de reais da empreiteira OAS. Conforme a PF, parte do dinheiro serviu para a compra do jatinho Cessna PR-AFA que caiu no acidente fatal com Eduardo Campos, então candidato a presidente.
Apontado como operador de propinas para Eduardo Campos, o empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho disse que pegou emprestado com Morato quase 160.000 reais para pagar uma parcela da aeronave. O dinheiro saiu da conta da Câmara & Vasconcelos – o nome da empresa foi trocado recentemente para “Morato Locação e Terraplanagem”. O capital social é de 600.000 reais. O morto era o único dono.