Em meio à avalanche de casos que escancaram as falhas nos preparativos do Rio de Janeiro para receber os Jogos Olímpicos, uma boa notícia para a cidade: a Olimpíada já deixou um legado social para a capital fluminense. Um levantamento conduzido pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas, comandado pelo ex-ministro de Assuntos Estratégicos e economista Marcelo Neri, concluiu que “a economia carioca, do ponto de vistas das pessoas, demorou a decolar após o anúncio da sede olímpica, mas uma vez embalado, o crescimento não perdeu força”.
Para chegar à conclusão, os pesquisadores utilizaram dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE. Intitulada Evolução Social carioca 2009-2016: o legado pré-olímpico, a pesquisa ressalta que, desde que o Rio de Janeiro foi escolhido como cidade-sede, a renda per capita cresceu no município 30,3%. Dois terços deste crescimento se deram nos últimos três anos, quando os preparativos para os Jogos ganharam fôlego. O Rio é, entre as 27 capitais brasileiras e nove periferias metropolitanas, a cidade onde a renda de trabalho mais cresceu desde 2013.
Embora a desigualdade social na cidade não tenha caído muito no período – passou de 0,55 em 2008 para 0,54236 em 2016 – o dado destoa do restante do país: a partir do último trimestre de 2015, dados do próprio Centro de Políticas Sociais indicavam que Brasil apresentava a primeira piora nos índices de desigualdade desde a virada do século.
O principal responsável pela melhora na distribuição de renda foi o aquecimento do mercado de trabalho. A criação de empregos responde por 82% do crescimento econômico local. A base da pirâmide social carioca foi a que mais se beneficiou do aumento da renda do trabalho no período pré-olímpico. A renda dos 5% mais pobres cresceu 29,3% contra 19,96% dos 5% mais ricos.
A pesquisa também comparou as mudanças nos serviços do período pré-anúncio da Olimpíada (1992-2008) com o período pós-anúncio dos Jogos (2009-2016). A conclusão é que os últimos sete anos trouxeram mais avanços do que o período anterior em áreas como serviços públicos, educação, saúde e desenvolvimento social.
Enquanto entre 2008 e 2016, dos 25 pontos analisados pelo estudo, houve retrocesso apenas no tempo de transporte ao trabalho, no período anterior, houve quedas também em serviços de coleta de lixo, esgoto, índices de casa própria e contribuição de previdências privadas.