Após ter sido apontada, em 2019, pelo ex-governador Sérgio Cabral, como um “biombo legal”, que escondia desvios e superfaturamentos em contratos públicos, a Fundação Getúlio Vargas enfrenta mais um escândalo no qual é acusada de corrupção. Na manhã desta quinta-feira, 17, as sedes da instituição foram tomadas por cem agentes da Polícia Federal, que cumpriam 29 mandados de prisão na instituição, na capital do Rio de Janeiro e em três cidades de São Paulo, em decorrência de investigações iniciadas há três anos.
Segundo a PF, a FGV era utilizada pela quadrilha para superfaturar contratos realizados por dispensa de licitação e para fraudar processos licitatórios. “Eles encobriam a contratação direta ilícita de firmas indicadas por agentes públicos, de empresas de fachada criadas por seus executivos e fornecendo, mediante pagamento de propina, vantagem a concorrentes em licitações coordenadas por ela”, explica a corporação.
Os alvos da Operação Sofisma – referência aos sofistas da Grécia antiga- são três membros da família Simonsen, administradores de longa data da instituição, fundada em 1944, que são acusados de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e elaboração de licitações fraudulentas. Se comprovadas as suspeitas, Ricardo Simonsen, Marial Inês Norbert Simonsen e Rafael Norbert Simonsen podem receber até 90 anos de pena, pelos fatos investigados.
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Procurada, a assessoria da FGV afirmou, por meio de nota, que foi surpreendida com a ação policial e que é vitima de perseguição de “supostos fatos de até 15 anos atrás”. A instituição informa ainda que chegou a firmar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Rio de Janeiro, que foi homologado judicialmente e vem sendo regiamente cumprido após ajuizamento de uma ação civil pública.
“Causa, pois, estranheza e profunda indignação a reiteração, na esfera federal, de temas já sepultados perante a justiça estadual que, agora requentados, maculam gravemente a imagem de uma entidade que, há mais de 70 anos, tanto contribui para o desenvolvimento do Brasil, que, atualmente, é a 3ª mais respeitada instituição do mundo, em sua área de atuação”, diz a nota.