É fato que, quando ganha força a expressão, qualquer roubo com mais de uma vítima recebe, automaticamente, o título de arrastão. Mas não se pode ignorar que este tipo de episódio tem se repetido com uma freqüência acima do tolerável nas ruas do Rio de Janeiro, a ponto de alastrar a sensação de insegurança na cidade. O último ataque desse tipo se deu na noite da segunda-feira, no Humaitá, bairro da zona sul, com dois motoristas assaltados.
A forma de atuação dos bandidos foi a velha conhecida: os criminosos fecharam a rua Maria Eugênia, uma via estreita, e encurralaram as vítimas. A polícia informa que os bandidos usavam uma pistola e um revólver e fugiram levando pertences dos ocupantes dos veículos e as chaves dos automóveis. A providência de praxe, informa a Polícia Militar, foi tomada: o batalhão da área – 2º BPM (Botafogo) – reforçou a segurança no local, sem conseguir, no entanto, pistas dos criminosos.
O assalto – ou arrastão – foi cópia fiel do que ocorreu no dia 28 do mês passado, na Rua Faro, no Jardim Botânico, distante não mais que dois quilômetros da ação desta segunda-feira. Uma testemunha contou à polícia que um dos bandidos usava uma granada, explosivo de guerra que, entre as quadrilhas do Rio, é hoje tão usual quando as pistolas. Dois dias antes do ataque no Jardim Botânico, quatro motoristas tinham sido abordados na Estrada do Joá, via que liga os bairros de São Conrado (zona sul) e Barra da Tijuca (zona oeste).
O efeito mais imediato da repetição de roubos em sequência, sempre em horários e situações em que motoristas ficam enfileirados no trânsito, é o alastramento de uma onda de pânico. E o cidadão, com nervos à flor da pele, passa a reagir instintivamente como se estivesse em permanente ataque. No fim de agosto, o estouro do cano de descarga de uma motocicleta que passava pelo mesmo túnel Zuzu Angel provocou uma fuga em massa dos motoristas.