O delegado José Pedro Costa da Silva, da 21ª DP (Bonsucesso), vai indiciar tanto o motorista do ônibus, que despencou de um viaduto na Avenida Brasil na terça-feira, quanto o passageiro que o agrediu durante a briga que pode ter motivado o acidente. Ambos terão a prisão preventiva decretada e responderão por homicídio doloso (quando há intenção de matar). Os dois estão entre os nove feridos na queda, que matou sete pessoas.
O estudante de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Rodrigo dos Santos Freire, de 25 anos, discutia com o motorista André Luiz da Silva Oliveira, de 33 anos, pouco antes do acidente com o veículo da linha 328 (Bananal-Castelo), da empresa Paranapuan. No viaduto Brigadeiro Trompowski, o ônibus rompeu a grade lateral de proteção e caiu de cabeça para baixo na pista lateral da via.
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Passageiros ouvidos até o momento contam que Rodrigo pulou a catraca do veículo, bateu boca e deu um chute no rosto de André. “Algumas pessoas contam que o condutor parece ter desmaiado”, revela o delegado. Duas testemunhas reconheceram o estudante como o agressor, por meio de fotos na delegacia, e também pessoalmente no hospital Miguel Couto, na Zona Sul, onde Rodrigo está internado. O jovem tem duas passagens pela polícia, ambas por lesão corporal.
“Após as provas testemunhais, não há dúvidas de que Rodrigo foi o agressor do motorista. E o condutor, ao dirigir em alta velocidade, discutir com o passageiro, a ponto de ser agredido, também contribuiu para o acidente. Por isso, serão indiciados por homicídio doloso”, afirmou José Pedro Costa da Silva. “As testemunhas o reconheceram sem sombra de dúvida”, acrescentou.
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Interrogatórios – Em depoimento nesta tarde, Rodrigo disse não se lembrar de ter entrado no ônibus. Falou que só se recorda de ter saído de casa, na Ilha do Governador, para ir à aula, na Ilha do Fundão, e que ficou sabendo do acidente pela televisão que se encontra na enfermaria onde está internado. Ele fraturou a mandíbula no acidente.
De manhã, o delegado também tentou ouvir o motorista, que está no hospital Getúlio Vargas, mas ele ainda não está em condições de falar sobre o caso. “Ele está em estado de choque, não se recorda do que aconteceu. Sua memória recente está prejudicada”, contou Silva, na saída da unidade de saúde. André teve fratura na perna e traumatismo craniano.
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Vistorias – Independentemente dos relatos, uma perícia foi realizada no ônibus para verificar se a parte mecânica estava funcionando adequadamente. De acordo com o site do Detran-RJ, o último licenciamento do coletivo, placa KYI-0973, foi feito em 2011. Fabricado em 2007, o ônibus acumula 47 multas desde 2008, segundo a página da Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) na internet – catorze delas por excesso de velocidade, e doze por avanço de sinal. Já a vistoria feita pela SMTR estava em dia: a última ocorreu em 3 de julho do ano passado, e tem validade de um ano.