Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Morte de Marielle foi idealizada pelos Brazão e planejada por delegado

Relatório da PF indica que o então chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, teve participação decisiva na arquitetura do crime

Por Lucas Mathias Atualizado em 25 mar 2024, 12h21 - Publicado em 24 mar 2024, 17h44

O relatório da Polícia Federal sobre a morte de Marielle Franco indica que o assassinato da ex-vereadora do Rio foi “meticulosamente planejado” pelo delegado Rivaldo Barbosa,  de modo a garantir a impunidade dos executores e dos mandantes, os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão. O agente havia assumido naquele ano, em 2018, o Departamento de Homicídios da Polícia Civil, antes de tomar posse, um dia antes do crime, como chefe da corporação. Ele foi preso preventivamente nesta manhã e levado a Brasília, onde permanecerá em uma penitenciária federal, assim como os Brazão. A mulher de Barbosa, Erika Andrade, e outros agentes do estado também foram alvo de buscas. Segundo a investigação, o policial civil teria dado instruções prévias para que o crime não chegasse às mãos da PF e, assim, ele pudesse manter a resolução sob seu controle, garantindo a impunidade dos envolvidos.

O relatório destaca que, na manhã seguinte ao crime, Barbosa teria nomeado para a chefia da Delegacia de Homicídios o delegado Giniton Lages, outro alvo de buscas da PF neste domingo, que ficaria responsável por se debruçar sobre a investigação do assassinato. Tal movimento, segundo o inquérito, foi pensado para facilitar a obstrução de provas do crime.

De acordo com a Polícia Federal, Barbosa e Lages já tinham “prévia relação de confiança”, o que permitiu que provas imediatas — que teriam agilizado a elucidação do caso — fossem propositalmente obstruídas, de modo a proteger os mandantes do crime.

“Impende-se destacar que ambos já possuíam uma prévia relação de confiança. Ou seja, os trabalhos de sabotagem se iniciaram no momento mais sensível da apuração do crime, as horas de ouro, o que ensejou a perda de elementos de convicção importantes para a sua resolução a contento como, por exemplo, a captação das imagens dos circuitos internos de televisão dos imóveis adjacentes ao local do crime”, diz trecho do relatório.

Continua após a publicidade

Ainda de acordo com o documento, o alinhamento entre os mandantes do crime e o então chefe da Polícia Civil foi fator que dificultou a colaboração do executor de Marielle, Ronnie Lessa. Tal “simbiose da equipe à frente da Delegacia de Homicídios da Capital à época com o delito” teria feito com que o executor resistisse a dar detalhes do caso, por acreditar que as circunstâncias do crime não viriam à tona. O cenário mudou apenas depois que Lessa soube da delação de Élcio de Queiroz, o motorista do carro usado para o crime.

Executor de Marielle, Ronnie Lessa contou à PF em sua delação sobre a orientação dada pelo delegado Rivaldo Barbosa
Executor de Marielle, Ronnie Lessa contou à PF em sua delação sobre a orientação dada pelo delegado Rivaldo Barbosa (Reprodução/.)

Diz ainda o inquérito que, ao tratar dos detalhes do crime com os mandantes, Lessa recebeu a orientação de que o assassinato não fosse feito nas imediações da Câmara dos Vereadores, onde Marielle atuava. “Conforme narrado por Lessa e detalhado mais adiante, Domingos ressaltou que tal exigência partiu do então Diretor da Divisão de Homicídios da PCERJ, o Delegado Rivaldo Barbosa, fato que, inicialmente, o tranquilizou ante a notória pactuação da garantia de impunidade da ação que lhe foi encomendada”, diz o texto.

Continua após a publicidade

A exigência feita por Barbosa, apesar de dificultar a execução do crime por Lessa, teve um motivo: dessa maneira, afastaria a suspeita de que se tratava de um crime político e, assim, impediria que a Polícia Federal passasse a investigar o caso. Desse modo, o chefe da Polícia Civil conseguiria tratar da resolução da maneira que fosse mais oportuna.

“Nesse ponto, além de se inferir que a exigência estabelecida por Rivaldo tinha como base evitar a atuação de órgãos de persecução federais e determinar uma linha de investigação pré-concebida e natimorta, destaca-se que Rivaldo, no exercício do cargo de Diretor da Divisão de Homicídios da PCERJ, já tinha um controle absoluto sobre todas as vicissitudes da futura investigação, o que se robusteceu quando ele fora alçado a Chefe de Polícia”, completa o texto.

Conforme narra o inquérito, “a investigação dos homicídios de Marielle Franco e de Anderson Gomes (então motorista da assessora) foi, antes mesmo da prática do delito, talhada para ser natimorta, mediante ajuste prévio dos autores intelectuais com o então responsável pela apuração de todos os homicídios ocorridos no Rio de Janeiro”.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.