A oposição da deputada estadual Monica Seixas, do PSOL de São Paulo, tem incomodado a bancada governista da Alesp, ligada ao governador Tarcísio Freitas (Republicanos). Em meio às confusões causadas pela votação da privatização da Sabesp, aprovada na semana passada, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa pretende votar nesta quinta-feira, 14, uma punição de 30 dias contra a parlamentar.
Seixas é acusada por falta de decoro parlamentar, por ter questionado a falta de verba destinada à Secretaria Estadual da Mulher, o que aconteceu em 8 de agosto. O processo, que estava parado, foi retomado pouco depois dos atritos durante a votação que envolveu a estatal. A pena foi solicitada pelo deputado Delegado Olim. Na ocasião, a deputada denunciou a compra de votos na Assembleia por emendas do governo. Ela relata ainda que tem escutado ameaças ao seu mandato nos corredores da Casa Legislativa.
PEDIDO DE SUSPENSÃO
O relatório que pede a suspensão do mandato de Seixas foi lançado no sistema da Alesp nesta quarta. Em agosto, a deputada se referiu à secretária de Políticas para a Mulher de São Paulo, Sonaira Fernandes (Republicanos), como “token” durante reunião da Comissão de Defesa e dos Direitos das Mulheres. O termo, derivado do período de luta pelos direitos civis dos afro-americanos nos Estados Unidos, na década de 1960, é utilizado para apontar uma falsa inclusão de minorias, por meio de concessões simbólicas.
A penalização é a mesma cumprida pelo parlamentar Fernando Cury, por importunação sexual contra a deputada Isa Penna. Em outro momento, quando o ex-deputado Wellington Moura disse a Seixas que colocaria um “cabresto” em sua boca, o pedido por uma punição foi indeferido pelo mesmo Conselho de Ética.
Para a deputada, a inclusão do tema na pauta, neste momento, é “perseguição”. “Estamos em embates importantíssimos na Alesp como a privatização da Sabesp e a aprovação do orçamento estadual de 2024 e eles retomam este processo absurdo para me cercear. Por aqui seguiremos lutando por uma politica antirracista e feminista de verdade que proteja as mulheres. Para isso, faz-se necessário mais verbas”, diz Seixas, que justifica: “Repito que minha crítica foi direcionada ao governador, que nomeou uma mulher negra a uma secretaria tão importante e não dá condições para o bom cumprimento do trabalho”.