Após o massacre de ao menos sessenta presos nas penitenciárias do Amazonas, o Ministério da Justiça e Cidadania ofereceu ao governador José Melo (Pros) a transferência de detentos para unidades administradas pelo governo federal, além do envio de tropas da Força Nacional.
Melo conversou ao telefone com o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. O governo do Estado ainda não decidiu se transfere os detentos ligados às facções Família do Norte (FDN) ou Primeiro Comando da Capital (PCC), que entraram em confronto durante a rebelião. Segundo nota do ministério, o governador afirmou na conversa que a situação no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, em Manaus, “já está sob controle”.
Na quinta-feira passada, o Fundo Penitenciário do Amazonas recebeu do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) 44,7 milhões de reais, que devem ser usados agora para despesas decorrentes da rebelião. Além dos reparos na estrutura do complexo penitenciário, será necessário montar uma estrutura de emergência para identificação e conservação dos corpos despedaçados. O motim começou na tarde de domingo e durou mais de dezessete horas. Boa parte dos mortos foi decapitada e esquartejada. Pelos menos doze agentes penitenciários permaneceram sob custódia dos criminosos, mas foram libertados.
A rebelião é mais um capítulo da guerra entre as facções de traficantes brasileiras. A FDN é aliada do Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, onde o PCC começou a se expandir e agora apoia a facção Amigos dos Amigos (ADA), depois de romper o pacto com o CV. Os órgãos de inteligência do governo federal já haviam alertado para os riscos da guerra aberta entre os criminosos. Mas as informações prévias não evitaram o massacre.
Em novembro, conforme VEJA noticiou, houve uma reunião secreta no Congresso Nacional. A Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, que reúne deputados e senadores e tem por atribuição acompanhar o trabalho dos órgãos de inteligência do governo, foi convocada extraordinariamente a pedido do ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, general Sergio Etchegoyen. Foram relatados então os cenários de risco iminente de rebeliões em diversos Estados, como ocorreu em outros da Região Norte, e de ameaças à segurança nas ruas.