O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira, 16, que a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, está “abatida” e “arrasada” com a divulgação do histórico de problemas de seus familiares com a polícia e a Justiça. Reportagem de VEJA desta semana mostra que sua avó materna foi presa por tráfico de drogas, sua mãe foi acusada de falsificação e um tio foi preso e acusado de envolvimento com milícia.
Bolsonaro afirmou, segundo relato do jornal Folha de S. Paulo, que as informações são verdadeiras, mas questionou “o ganho jornalístico” com a publicação. “Quem ganha com isso? (…) Ela está abatida, arrasada, para que isso?”, disse, após participar de um evento em Brasília.
VEJA localizou nos arquivos da 1ª Vara de Entorpecentes e Contravenções Penais do Distrito Federal o processo que detalha o dia em que Maria Aparecida Firmo Ferreira, avó de Michelle, então com 55 anos, foi presa em flagrante. Em 1997, ela era conhecida nas ruas como “Tia” e, segundo a polícia, sua principal atividade era vender drogas no centro de Brasília. Em julho daquele ano, ela foi surpreendida com 169 “cabecinhas de merla”, um subproduto da cocaína. Na delegacia, confessou o crime. Na Justiça, mudou a versão. Alegou que a sacola apreendida não era sua e que teria confessado o crime por pressão dos policiais. Havia, porém, testemunhos de clientes. Acabou condenada a três anos de reclusão, em regime fechado. Só deixou a penitenciária, em liberdade condicional, em agosto de 1999, depois de cumprir dois anos e dois meses de cadeia. Sua punição foi oficialmente considerada extinta em 2000.
A mãe de Michelle, Maria das Graças, é acusada de falsificação de documentos. Em 1988, quando Michele tinha 6 anos, a polícia descobriu que sua mãe possuía dois registros civis — um verdadeiro e o outro falso. Em 1989, ela foi indiciada por falsidade ideológica, que prevê pena de até cinco anos de prisão em regime fechado. Em 1994, depois de ficar mais de cinco anos parado na Vara Criminal, o processo foi arquivado depois que o juiz entendeu que o crime estava prescrito.
Nem a mãe nem a avó foram convidados para a cerimônia de posse do presidente Bolsonaro. O tio João Batista Firmo Ferreira, sargento aposentado da Polícia Militar de Brasília, foi um dos poucos a serem chamados. Em maio passado, ele foi preso sob a acusação de fazer parte de uma milícia que age na favela Sol Nascente, onde mora com a mãe, Maria Aparecida, a avó de Michelle. De acordo com o Ministério Público, João Batista e mais sete PMs participariam de um esquema ilegal de venda de lotes na região. Um delator contou que os policiais atuavam como o braço armado da quadrilha, dando suporte ao negócio irregular através de ameaças e até eliminação de desafetos. O sargento está preso na penitenciária da Papuda, em Brasília.