Médico e monstro: o anestesista que estuprava no parto
Preso em flagrante, o abusador vai responder por pelo menos seis casos de abuso sexual
Quando todas as barbaridades parecem já ter sido perpetradas, aparece uma aberração como o anestesista carioca Giovanni Quintella e dá um sentido ainda mais superlativo ao conceito de crueldade. Aos 32 anos e com cinco no exercício da profissão, ele chamou a atenção de enfermeiras com quem trabalhava no parto de mulheres havia dois meses, em um hospital da Baixada Fluminense, por sua conduta anormal. Elas desconfiavam que ele poderia estar cometendo estupro em um dos momentos mais delicados da existência feminina, a hora de dar à luz. Sabe-se agora que ele esfregava o pênis na boca das pacientes desacordadas graças ao uso excessivo de sedativos, enquanto pedia aos maridos que saíssem da sala, e protegia a cena com a ajuda de uma cortina e de um pesado jaleco que cobria o rosto das vítimas. Na manhã de 10 de julho, Quintella repetiu seu macabro ritual em dois partos seguidos. A equipe de enfermagem decidiu então pegá-lo no flagra, na terceira operação do dia. Escondeu um celular em um armário e gravou tudo — um vídeo chocante que correu a internet. Outras três mulheres procuraram a polícia, relatando que podem ter sido vítimas do mesmo crime, já que as condições da cirurgia foram semelhantes. Preso em flagrante, o abusador vai responder por pelo menos seis estupros. “Ele é uma pessoa 100% capaz, que exercia normalmente a medicina. Por isso, vamos evitar chamá-lo de doente”, disse a delegada Bárbara Lomba, à frente das investigações. Seus atos, certamente, são fruto de uma ousadia e frieza apavorantes. São nojentos e inaceitáveis.
Publicado em VEJA de 20 de julho de 2022, edição nº 2798