MEC vai avaliar alfabetização das crianças por amostra
O exame havia sido cancelado completamente pela gestão do ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez, mas o governo recuou após repercussão negativa
O ministro da Educação, Abraham Weitraub, anunciou nesta quinta-feira, 2, que a alfabetização das crianças será avaliada por meio de amostra este ano. O exame havia sido cancelado completamente pela gestão do ex-ministro Ricardo Vélez Rodríguez. Depois de intensa repercussão negativa, já que a alfabetização é considerada etapa crucial para o desenvolvimento escolar do aluno, no entanto, o governo do presidente Jair Bolsonaro voltou atrás.
Até a última prova, feita em 2016, os exames de leitura, escrita e matemática tinham sido feitos para todas as crianças do terceiro ano do ensino fundamental. Agora, haverá uma amostra de escolas públicas e privadas e o ano avaliado será o segundo, ou seja, crianças de 7 anos e não mais de 8. Essa última mudança já havia sido pedida pelo governo anterior, de Michel Temer. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estipula que as crianças devem estar alfabetizadas até o fim do segundo ano.
Questionado sobre a possibilidade de a mudança afetar a comparação entre os anos avaliados, ou seja, não permitir saber se as crianças do país melhoraram ou pioraram seu desempenho, o ministro disse que a série histórica já estava prejudicada. Isso porque, segundo ele, serão agora usados os novos parâmetros da BNCC, algo que não era considerado anteriormente porque ela foi aprovada em 2017. De acordo com Weintraub, contudo, a ideia é ter, em breve, a volta da avaliação censitária.
“O objetivo é fazer universal e uma vez por ano. É importante para o país conhecer individualmente cada uma das crianças da rede”, disse. “Se eu pudesse, eu faria universal. Mas a gente está chegando. A gestão Bolsonaro tem apenas quatro meses”, explicou.
A portaria publicada anula outra, de 25 de março, que havia cancelado a avaliação de alfabetização. O governo já havia dito que voltaria atrás na decisão, mas não havia novo documento. A mudança na prova levou à demissão do então presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do MEC responsável pelas avaliações, Marcus Vinícius Rodrigues. O cargo ficou vago por cerca de 20 dias, até que Weintraub nomeou o delegado da Polícia Federal Elmer Vicenzi.
A última avaliação de alfabetização no país mostrou que mais de 50% das crianças não tinham desempenho considerado suficiente em leitura e escrita. Elas não conseguiam localizar informações em textos de literatura infantil ou escrever corretamente palavras como lousa e professor.
O MEC vai manter da mesma forma que sempre foram feitas as avaliações para os estudantes do fim dos ciclos do Ensino Fundamental, ou seja, quinto ano e nono ano, e do Ensino Médio, no terceiro ano. Serão provas para todos os alunos, de Português e Matemática. Uma amostra dos estudantes do nono ano fará ainda provas de Ciências da Natureza e Ciências Humanas pela primeira vez.
As provas fazem parte do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), que existe desde os anos 90 no Brasil e aplica testes de Português e Matemática. São a partir dos resultados do Saeb que o MEC calcula o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que se tornou o grande indicador de qualidade do ensino no Brasil.
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