O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou que tenha escolhido a ministra-chefe da Casa Civil Dilma Rousseff para ser candidata à Presidência este ano como parte de uma estratégia para que ele possa voltar ao governo em 2014. Em entrevista publicada na edição desta sexta-feira do jornal O Estado de S. Paulo, Lula diz que “ninguém aceita ser vaca de presépio e muito menos eu iria escolher uma pessoa para ser vaca de presépio”.
“Todo político que tentou eleger alguém manipulado quebrou a cara”, disse o presidente. Segundo ele, o único papel que exercerá em um eventual governo de Dilma é o de “torcedor”. “Minha tese é a seguinte: rei morto, rei posto. A Dilma tem de criar o estilo dela, a cara dela e fazer as coisas dela. E a mim cabe, como torcedor de arquibancada, ficar batendo palmas para os acertos dela. E torcendo para que dê certo e faça o melhor”, afirmou.
Ainda assim, o presidente fez questão de negar que, se Dilma vencer as eleições, o governo dela será mais à esquerda do seu. Para Lula, as diretrizes do programa petista podem ser mais “progressistas”: “O partido, muitas vezes, defende princípios e coisas que o governo não pode defender”. Ele acredita que a ministra terá “o ritmo dela, o estilo dela”.
Além de afirmar que não pretende concorrer à Presidência em 2014, Lula disse ao jornal que já não defende mais o fim da reeleição, com mandato único de cinco anos, como fez no passado. “Não vou porque quando quis defender ninguém quis”, disse o presidente. “Eu fui defensor da ideia de cinco anos sem reeleição. Hoje, com a minha experiência de presidente, eu queria dizer uma coisa para vocês: ninguém, nenhum presidente da República, num mandato de quatro anos, concluirá uma única obra estruturante no país”, completou.