O líder indígena Paulo Paulino Guajajara foi assassinado a tiros na sexta-feira, 1º, em um confronto com madeireiros na Terra Indígena Araribóia, no Maranhão. Conforme informações do governo maranhense, um madeireiro também morreu no conflito e outro líder indígena local, Laércio Guajajara, foi ferido.
Segundo a Secretaria de Direitos Humanos e Participação Popular do governo de Flávio Dino (PCdoB), cinco madeireiros emboscaram Paulino e Laércio, que caçavam dentro do território indígena, entre os municípios de Amarante do Maranhão e Bom Jesus da Selva, no Noroeste do estado.
O indígena ferido foi levado a um hospital na cidade de Imperatriz e, de acordo com a secretaria, já teve alta médica. Uma equipe da Polícia Militar do Maranhão foi enviada ao local do assassinato para resgatar o corpo de Paulo Paulino Guajajara e os secretários estaduais de Segurança Pública, Jefferson Miler Portela e Silva, e dos Direitos Humanos, Francisco Gonçalves da Conceição, acompanham o caso.
O corpo do madeireiro morto no confronto, que não teve o nome confirmado, foi retirado do local pelos que o acompanhavam.
Paulino e Laércio são lideranças dos chamados Guardiões da Floresta, grupo formado por cerca de 180 indígenas que desde 2012 protege terras na região e atua expulsando invasores, destruindo e apreendendo equipamentos usados para desmatar. A Terra Indígena Arariboia tem 413.288 hectares de extensão, o equivalente a 583 campos de futebol (veja no mapa abaixo). Vivem na região índios Guajajara, Awá e Ka’apor.
Francisco Conceição disse a VEJA que, em razão das constantes invasões de terras demarcadas, “há várias áreas com tensionamento” entre indígenas e madeireiros no Maranhão, sobretudo no Alto Gurupi, na Amazônia maranhense, próxima à fronteira com o Pará.
Por meio de sua conta no Twitter, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, sob cuja pasta está a Fundação Nacional do Índio (Funai), afirmou que a Polícia Federal vai investigar o assassinato de Paulo Paulino Guajajara. “Não pouparemos esforços para levar os responsáveis por este crime grave à Justiça”, escreveu o ministro.
Também na rede social, o governador Flávio Dino afirmou que sua gestão colabora com órgãos federais no caso.
Candidata a vice-presidente em 2018 na chapa de Guilherme Boulos (PSOL), a líder indígena Sônia Guajajara publicou nas redes sociais que “é hora de dar um basta nesse genocídio institucionalizado. Parem de autorizar o derramamento de sangue de nosso povo”.
ONGs que atuam pela preservação da Amazônia, como Greenpeace, WWF Brasil e Instituto Socioambiental, também se manifestaram, por meio de notas. “Invadidas por grileiros e madeireiros, as terras indígenas do Maranhão têm sido palco de uma luta assimétrica, onde pequenos grupos de Guardiões optam por defender, muitas vezes com a própria vida, a integridade de seus territórios”, diz o Greenpeace.
O WWF lembra que “no final de setembro os Guajajara encaminharam um pedido de ajuda à Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e ao Governo do Maranhão, pois as ameaças feitas por madeireiros e grileiros –interessados em invadir, lotear e vender partes do território, protegido por lei– já haviam chegado a níveis alarmantes”.