Internado com Covid-19, cacique Raoni sente dor no peito e tem alta adiada
Líder indígena foi hospitalizado na sexta-feira com sintomas de pneumonia causados pela infecção
Internado com Covid-19 desde sexta-feira 28 em um hospital particular em Sinop (MT), o cacique Raoni sentiu dores no peito e teve a alta médica prevista para esta segunda-feira, 31, adiada. De acordo com o boletim médico, ele foi diagnosticado com inflamação cardíaca e ainda não há previsão para ele voltar a sua aldeia no Xingu. Os sintomas de pneumonia, causados pela infecção por coronavírus, estão sendo tratados com anticoagulante, corticoide e antibióticos, de acordo com o protocolo do hospital.
O cacique esteve internado durante sete dias há um mês para tratar de um quadro de desidratação e desnutrição após desenvolver estado depressivo desde a morte de sua mulher, Bekwykà, em 24 de junho, com quem estava casado por 80 anos. Ela enfrentava complicações de um diabetes avançado e tinha dificuldades para enxergar e se locomover. Durante a internação, foram diagnosticadas em Raoni úlceras gástricas, intestinais, infecção intestinal e inflamação no cólon, além de fibrilação atrial crônica e enfisema de longa data, mas sem relação com as infecções e as úlceras. O cacique teve alta no dia 25 de julho e entrou em isolamento na aldeia como processo de luto pela morte da mulher.
Em outubro do ano passado, Raoni foi alvo de campanha internacional para ser um dos indicados a concorrer ao prêmio Nobel da Paz pela sua atuação em defesa dos povos da Amazônia. A iniciativa começou a tomar força justamente no momento em que Jair Bolsonaro passou a atacar o cacique em público. Em uma de suas declarações, o presidente desdenhou da preocupação em torno dos índios e da floresta, dizendo que o interesse real dos outros países é pelo minério não explorado na região. Ao final, deu uma nova cutucada no cacique. “Raoni não fala por todos os índios. É outro que vive tomando champanhe em outros países por aí”, declarou.