Inquérito vai apurar ação de PMs que resultou em morte de menino
Protesto contra morte do estudante Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, teve confronto entre moradores e policiais no Complexo do Alemão, no Rio
A morte do menino Eduardo de Jesus Ferreira, de 10 anos, provocada por uma bala perdida durante um confronto entre policiais militares e traficantes ocorrido quinta-feira no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio, motivou a instauração de um Inquérito Polícia Militar para apurar a conduta dos PMs envolvidos na ação. No mesmo dia, uma mulher foi morta na fuga de ladões que atacaram uma joalheria na Tijuca. Silvia Maria A. da Costa, de 49 anos, foi atingida por três disparos. O garoto e a mulher foram duas das quatro vítimas baleadas nos últimos dias no Alemão.
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Também é investigada a morte de Elisabete Alves de Moura Francisco, baleada dentro de casa na tarde de quarta-feira. A filha dela ficou levemente ferida. Os policiais estão ouvindo familiares e testemunhas. Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), que auxilia a Divisão de Homicídios da capital fluminense na investigação da morte do menino Eduardo, os policiais do Batalhão de Choque e da CPP que estavam na ocorrência foram afastados do policiamento nas ruas e suas armas foram recolhidas para a realização de exame balístico.
“É prematuro tirar qualquer tipo de conclusão. Estamos colaborando com as investigações. A morte do Eduardo não ficará impune. Precisamos fazer deste episódio uma bandeira para a mudança. Não podemos permitir que outras famílias sintam a dor da mãe deste menino”, declarou o porta-voz da CPP, major Marcelo Corbage.
Protesto e confronto – Ainda na noite de quinta-feira, moradores foram às ruas protestar contra a violência e o que consideram abusos cometidos por policias militares nas favelas do Alemão. Nesta sexta, em novo protesto, cerca de 300 pessoas se manifestaram contra a morte do estudante de 10 anos. Eles fecharam a Estrada do Itararé, uma das principais entradas do Alemão.
O ato terminou em confronto com policiais militares, que tentaram dispersar os manifestantes. Os PMs atiraram bombas de gás contra as pessoas, que revidaram com pedras. A ação policial teve a participação de mais de 200 homens que reforçavam a segurança no Alemão. O clima ficou tenso e alguns moradores responderam jogando até mesmo bombas caseiras nos policiais.
Rotina – Tiroteios e mortes provocadas por balas perdidas são rotina para os 70.000 moradores das quinze comunidades do Complexo do Alemão. A violência, contudo, parece descontrolada pelos quatro cantos da cidade. Segundo dados do Instituto de Segurança Pública, entre 2008 e 2013, 891 pessoas foram atingidas por balas perdidas no Rio de Janeiro, sendo que 62 dessas acabaram morrendo. Os dados de 2014 ainda não foram divulgados, mas 2015 começou quebrando recordes. No mês de janeiro, 34 pessoas foram feridas, sendo que seis morreram.
(Com Estadão Conteúdo)