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Imagem de militares no governo ajuda Bolsonaro nas urnas, aponta pesquisa

Levantamento inédito revela por que o presidente adotou a estratégia de ampliar a presença de integrantes das Forças Armadas em seu governo

Por Thiago Bronzatto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 30 mar 2021, 13h01 - Publicado em 7 mar 2021, 17h03
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  • Com a popularidade estremecida, Jair Bolsonaro tem ampliado o espaço de militares em seu governo. Desde a redemocratização, nunca foi tão grande a presença de representantes das Forças Armadas no Poder Executivo. Esse movimento é calculado, conforme mostra reportagem de VEJA desta edição. Um levantamento inédito do Instituto Paraná Pesquisas revela que o resultado da parceria entre o presidente e a caserna se reverte em votos. Para 40,3% dos entrevistados, a presença de integrantes do Exército, da Aeronáutica e da Marinha na máquina pública tem uma influência positiva nas urnas, enquanto 34,7% apontaram essa condição como um fator negativo. “A gestão de Bolsonaro absorve a força da imagem dos militares e isso se reverte em pontos positivos com os eleitores”, avalia Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná Pesquisas.

    A crise provocada pela pandemia da Covid-19 levou o presidente a ampliar o raio de influência de militares. Um exemplo disso ocorreu na Petrobras, com a substituição do economista Roberto Castello Branco, uma indicação do ministro Paulo Guedes, pelo general da reserva João Silva e Luna, diretor-geral da Itaipu Binacional. De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), a quantidade de membros das Forças Armadas em cargos comissionados na administração passou de 1.934, em 2018, para 2.643, em 2020. Já o Ministério da Defesa registra que atualmente há 3.314 militares despachando no Executivo, sendo 1.881 integrantes do Exército, 731 da Aeronáutica e 702 da Marinha. Dos 23 ministros de Estado, nove têm formação militar e ocupam pastas estratégicas como a Casa Civil (general Braga Netto), Minas e Energia (almirante Bento Albuquerque) e Saúde (general Eduardo Pazuello).

    O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general da reserva Augusto Heleno, é um exemplo de que o quepe está em alta. No último dia 4 de fevereiro, o militar foi ovacionado por apoiadores de Bolsonaro durante uma visita oficial à cidade de Cascavel, no Paraná. Os admiradores pediram para tirar uma foto com Heleno, que reúne um séquito de mais de dois milhões de seguidores em suas redes sociais. O general comandou a missão de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) no Haiti, mas ficou conhecido para valer após ingressar no mundo político como principal conselheiro palaciano.

    “A transferência da credibilidade das Forças Armadas para o governo influenciou também na forma como as pessoas veem o presidente”, explica Hidalgo. De acordo com o levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, 56,9% dos entrevistados enxergam Bolsonaro mais como militar do que como civil. Cultivar essa imagem é uma estratégia utilizada por Bolsonaro para associar o seu governo à popularidade das Forças Armadas. “O governo Bolsonaro não teve ainda nenhum escândalo de corrupção. Isso, de certa forma, é creditado pela população à atuação de militares em postos-chave”, conclui Hidalgo.

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