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Grampos revelam que Samarco definiu com funcionários o que mostrar à PF

Segundo relatório da quebra de sigilo de diretores da mineradora, há "fortes indícios" de que a Samarco escondeu informações importantes, diz jornal

Por Da Redação
14 mar 2016, 10h39
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  • Funcionários da mineradora Samarco, responsável pela barragem de Fundão que se rompeu em 5 de novembro do ano passado, combinaram com a área jurídica da empresa a quais informações a Polícia Federal poderia ter acesso quando foi apurar a responsabilidade da empresa na tragédia, segundo o jornal Folha de S. Paulo desta segunda-feira. O acerto foi descoberto depois que a PF pediu à Justiça, por estar desconfiada de que a mineradora estava escondendo dados, autorização para interceptar telefonemas de diretores da Samarco, como de Germano Silva Lopes, gerente geral de projetos, Daviely Silva, gerente de geotecnia, e Wanderson Silva, coordenador de monitoramento. Os locais que seriam vistoriados pelos agentes da PF também foram previamente verificados.

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    Segundo o jornal, que teve acesso ao relatório da quebra de sigilo, em diálogo de 14 de janeiro, o engenheiro Germano Silva Lopes é avisado por um funcionário de nome Lindomar que a PF queria ver registros de tremores do dia da tragédia e trincas em prédios. O documento diz: “Lindomar mandou os peritos irem a campo enquanto ele providenciava os pedidos. Lindomar disse que no dia tem quatro registros [de tremores], que mandou para o jurídico avaliar se aquele material pode mostrar para eles. Lindomar disse que foi até o [setor de] meio ambiente para ver a trinca antes de levar os caras.”

    Conforme a PF informa no inquérito, os grampos apontam “fortes indícios” de que a Samarco “tem escondido dados e informações importantes” e afirma que fica claro que funcionários “recebem ordens dos superiores para agirem ou declararem dessa ou daquela forma”. O relatório mostra ainda que o mesmo acerto era feito com a assessora de imprensa da Samarco. Os assessores recebiam instruções de como passar, omitir ou informar incorretamente dados aos jornalistas.

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    Medidor – As interceptações feitas pela PF revelam que os responsáveis por monitorar a barragem que se rompeu não tinham certeza da existência de piezômetros (aparelhos que medem pressão da água no solo) no ponto onde o ex-consultor da Samarco Joaquim Pimenta de Ávila disse ter visto um “princípio de ruptura”, durante uma vistoria no final de 2014.

    Em 29 de dezembro, o coordenador de monitoramento Wanderson Silvério Silva checa por telefone com um funcionário de nome Leo se o equipamento existia. Leo responde que não, pois o local estava em obras, mas diz que havia instalado anteriormente naquele local um aparelho que estava com nível elevado e que duvidava da consistência dele. O piezômetro, diz Wanderson, não foi analisado “hora nenhuma” e admite que não sabia que ele existia.

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    No mesmo dia, em conversa com sua esposa, Wanderson revela que a Samarco sabia dos graves problemas de drenagem na estrutura da barragem. De acordo com a Folha, a esposa do coordenador de monitoramento lembra que ele disse, certa vez: “A primeira vez que olhei, vi que estava errado”. Ela pergunta, então, o que ele queria dizer com aquilo. Wanderson responde que “a barragem não tinha drenagem”. Segundo a defesa de Wanderson, a frase foi um “desabafo”.

    A Samarco afirma, em nota enviada ao jornal, que “repudia qualquer alegação de que tenha, em algum momento, tentado dificultar o trabalho das autoridades”. “Desde o acidente, a empresa vem colaborando com as investigações sobre as causas do rompimento da barragem de Fundão”, diz o texto.

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    Segundo o advogado Maurício Campos Jr. (que defende os diretores licenciados da Samarco Germano Lopes, Daviely Silva e Wanderson Silva), a consulta ao departamento jurídico é uma preocupação em “padronizar respostas”. Ele também disse estar perplexo com o “vazamento do conteúdo das interceptações”, e disse que as considera “invasivas” e “desnecessárias”.

    (Da redação)

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