Governo dos EUA dá prêmio de coragem à promotora do caso Marielle
Simone Sibilio receberá homenagem da primeira-dama em evento conduzido pelo secretário de Estado norte-americano
A promotora Simone Sibilio, do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, vai receber o Prêmio Internacional Mulheres de Coragem (IWOC), na sigla em inglês, na próxima sexta-feira, 4, às 12h (horário de Brasília), em uma cerimônia virtual transmitida ao vivo pelo Departamento de Estado dos EUA. Ela está entre um grupo de 12 mulheres que se destacaram em suas profissões no mundo todo. A primeira-dama Jill Biden, mulher do presidente americano Joe Biden, fará um discurso em homenagem às ganhadoras. O evento será conduzido pelo secretário de Estado Antony J. Blinken.
Sibilio chefiou as investigações do atentado contra a vereadora Marielle Franco e o seu motorista Anderson Gomes de setembro de 2018 até julho do ano passado, quando deixou o posto alegando, sem dar detalhes, “interferências externas” sobre o inquérito que apura o duplo homicídio ocorrido em 14 de março de 2018. Está no Ministério Público há 18 anos. Começou sua carreira nas fileiras da Polícia Militar fluminense, onde permaneceu por 11 anos e chegou ao posto de capitão. Foi delegada da Polícia Civil até ingressar no MP do Rio, onde atuou por 13 anos como titular do tribunal do júri no TJ-RJ. Em seguida, tornou-se membro Integrante do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), sendo a primeira mulher a assumir o comando do braço especial da promotoria estadual, cargo que deixou em janeiro do ano passado. Atualmente, integra a Promotoria do 2º Tribunal do Júri.
Além das investigações sobre a emboscada que matou Marielle e Anderson, Sibilio é especialista em casos de lavagem de dinheiro, tráfico de armas e crimes transnacionais. Também atuou na prisão do PM reformado Ronnie Lessa e do ex-PM Élcio Queiroz, em março de 2019 – ambos são acusados pela morte da vereadora e de seu motorista. Entre as apurações que liderou está a Operação Intocáveis, de três fases, que resultou na prisão de dezenas de milicianos atuantes em Rio das Pedras e Muzema, na Zona Oeste do Rio. Foi ela quem tornou foragido o ex-capitão da PM Adriano Magalhães da Nóbrega, morto em 2020 na Bahia em circunstâncias ainda não totalmente esclarecidas pelas autoridades. Ao longo de sua carreira, já recebeu ameaças de morte e precisou ser acompanhada de seguranças particulares.
Após a premiação, Sibilio participa de um intercâmbio virtual, o International Visitor Leadership Program (IVLP), e vai se conectar com especialistas americanos em sua área. A promotora visitará virtualmente as cidades de Washington, D.C. e Kansas City para conversar com colegas de profissão. Esta é a 16ª edição do prêmio IWOC, cujo objetivo é reconhecer mulheres de todo o mundo que demonstraram coragem e liderança excepcionais na defesa da paz, justiça, direitos humanos e igualdade de gênero.