O doleiro Lúcio Funaro entregou à Polícia Federal registros de pelo menos doze ligações do ex-ministro Geddel Vieira Lima para sua esposa, Raquel Pitta, para corroborar o que disse em seu depoimento. Segundo Funaro, que negocia um acordo de colaboração, Geddel havia tentado sondá-lo para saber de sua disposição em fazer uma delação premiada.
As ligações foram feitas via WhatsApp – mais difícil de ser grampeada – entre os dias 17 de maio e 1º de junho deste ano, sendo que a primeira aconteceu logo depois da publicação das primeiras informações sobre a delação premiada dos executivos da JBS.
‘Carainho’
As imagens da tela do celular da mulher de Funaro foram entregues à PF com a descrição de serem ligações entre a esposa de Funaro e “Carainho” – nome sob o qual Geddel estava registrado no celular. O número que aparece nas ligações é efetivamente o do ex-ministro do governo Michel Temer.
A preocupação de Geddel com possíveis delatores também foi relatada por Joesley Batista. Em seu depoimento, o dono da JBS afirmou que o ex-ministro o procurava de vez em quando e perguntava: “E o passarinho? Está calmo?”. Era uma referência velada ao ex-deputado federal Eduardo Cunha, preso em Curitiba na Operação Lava Jato, e a suas intenções de contar o que sabe ao Ministério Público Federal.
Geddel é apontado por Joesley e pelos outros delatores da JBS como o homem que fazia a ligação entre Temer e o empresário. Depois de o ministro deixar o governo, acusado de pressionar pela liberação de uma obra em Salvador onde tem um apartamento, Joesley teria passado a tratar com Rodrigo Rocha Loures, então assessor especial de Temer.
Defesa
A defesa de Geddel rechaçou “a prática de qualquer ilicitude” do ex-ministro. “É importante ser ressaltado que, desde que se viu injustamente enredado em procedimentos de apuração instaurados em seu desfavor, o senhor Geddel Vieira Lima colocou-se à disposição de todas as autoridades constituídas, comparecendo espontaneamente para prestar declarações, inclusive com deslocamentos para a capital federal, disponibilizando os seus sigilos bancário e fiscal, não criando qualquer óbice para o prosseguimento das investigações”, diz a defesa.
(Com Reuters e Estadão Conteúdo)