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Freixo vê execução no assassinato da vereadora Marielle Franco

Colegas de partido e intelectuais ligados aos Direitos Humanos lamentaram a morte da parlamentar e cobram rápida apuração do crime

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 15 mar 2018, 11h56 - Publicado em 15 mar 2018, 09h46

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) disse no final da noite desta quarta-feira (14), que o crime contra a vereadora Marielle Franco, na região central do Rio, tem “características nítidas” de execução. Segundo o deputado, porém, nem parentes nem amigos tinham informações de que ela estivesse sofrendo ameaças.

“As características são muito nítidas de execução. Queremos isso apurado o mais rápido possível”, disse Freixo ainda no local do crime. A vereadora foi morta a tiros na noite desta quarta dentro de um carro quando ia de um evento na Lapa, no centro do Rio, para sua casa, na Tijuca (zona norte). O motorista do veículo também foi assassinado.

“É completamente inadmissível. Uma pessoa cheia de vida, cheia de gás, uma pessoal fundamental para o Rio de Janeiro, brutalmente assassinada. É um crime contra a democracia, contra todos nós, não podemos deixar que isso se naturalize”, afirmou Freixo.

Outros correligionários se manifestaram sobre o crime. O deputado federal Chico Alencar (RJ) lamentou a tragédia. “Tem de apurar séria e rapidamente porque isso pode ser o início de uma escalada sem tamanho, de um caos”, afirmou. O parlamentar pretende viajar nesta quinta (15) de Brasília até o Rio para acompanhar os desdobramentos do assassinato. Para ele, uma das linhas de investigação deve ser a de execução, principalmente por causa das denúncias feitas pela colega. Em nota, o PSOL disse ter sido um “crime hediondo”.

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O prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PRB), decretou luto oficial de três dias. “Não vamos deixar que sua trajetória seja esquecida, não permitiremos que esse crime fique impune”, disse. Já o governador Luiz Fernando Pezão (MDB) disse que o crime foi um ato de “extrema covardia”. Em nota, o Palácio do Planalto informou que vai acompanhar toda a apuração. Segundo o texto, o ministro da Segurança, Raul Jungmann, falou com o interventor, general Braga Netto, e “colocou a Polícia Federal para auxiliar em toda a investigação”.

A Ordem dos Advogados do Brasil no Rio (OAB-RJ) cobrou “imediata e rigorosa apuração do crime”. “A OAB-RJ não vai descansar enquanto os culpados não forem devidamente punidos. Os tiros contra uma parlamentar eleita e em pleno cumprimento do mandato atingem o próprio Estado democrático de Direito”, afirmou o presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz. Em nota, a Anistia Internacional pediu investigação imediata e rigorosa do assassinato da vereadora. “Não podem restar dúvidas a respeito do contexto, motivação e autoria do assassinato de Marielle Franco”, escreveu a entidade.

Indignação

O sociólogo Renato Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileira de Segurança Pública, defendeu que a Polícia Federal entre imediatamente na apuração do crime. “Estou absolutamente chocado, a morte de Marielle Franco é mais um sinal da banalização da violência que toma conta do País e que nos faz reféns do medo. O mínimo que se espera do interventor é uma apuração rigorosa e transparente do episódio. Não podemos aceitar que o caso não seja rapidamente esclarecido. O interventor tem diante de si um dos seus maiores desafios desde que a medida foi adotada, não deixar esta morte impune. Tudo indica que foi uma execução.”

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O coronel da reserva Ibis Silva, ex-comandante geral da Polícia Militar do RJ, desolado, não conseguiu comentar a perda. “Perdi uma irmã. Ela era minha madrinha no PSOL, me levou para lá. Conhecia há muitos anos. O Rio perdeu uma pessoa extraordinária. Eu perdi uma grande amiga.”

Também evitando dar declarações sobre a ação criminosa, Paulo Storani, antropólogo e ex-capitão da PM, acredita que, tendo sido execução ou não, o caso não ficará impune. “Todas as hipóteses devem ser consideradas. A assessora que sobreviveu poderá esclarecer tudo. Dificilmente a verdade, seja qual for, ficará acobertada”.

A advogada criminalista Maíra Fernandes, membro do Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher, acredita na hipótese de execução. “Marielle era a nossa esperança na política”, lamentou. “Eu a conheci há quase duas décadas: sempre nas mais importantes lutas, coerente, aguerrida, corajosa. Tínhamos muitos planos para ela. Esse seria o primeiro mandato de muitos. Tinha um caminho enorme pela frente. Não consigo acreditar”, lamentou.

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“Mulher, negra, lutadora contra as desigualdades e a violência. Teve uma votação surpreendente, em 2016. Ela passou esta semana denunciando violações praticadas pela PM em Acari. Temos estado juntos na longa militância. Estive com ela dois dias antes de viajar, semana passada. Faltam palavras para expressar o horror e mal posso imaginar o que se passa na cabeça de sua filha e de sua família. E o motorista, sua família, um trabalhador inocente, honrado?”, escreveu o cientista social Luiz Eduardo Soares em seu perfil no Facebook.

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