‘Falta de tato’ de ministros gera imprevistos para governo, diz Bolsonaro
Em encontro com congressistas nordestinos, presidente disse esperar mais "harmonia" para mudar a situação do Brasil
Sem citar nomes, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a falta de tato político de alguns ministros gera “imprevistos” para seu governo. Ele disse esperar mais “harmonia” para mudar a situação do Brasil, em fala aos integrantes da bancada do Nordeste no Congresso na manhã desta quarta-feira, 22.
“É um governo que se inicia, temos muita vontade de acertar, temos bons ministros. Alguns não têm o devido tato político. Têm a questão técnica, mas não têm a questão política e, em consequência disso, acontecem alguns imprevistos. Mas todos nós estamos focados no futuro do nosso Brasil. Nós temos potencial para atingirmos o nosso objetivo”, discursou o líder.
Bolsonaro também se colocou à disposição para ouvir e ajudar os deputados e senadores, considerados fundamentais na defesa da reforma da Previdência nos Estados.
“Não medimos esforços para atendê-los naquilo que for possível”, disse Bolsonaro. Ele afirmou que considera o encontro com parlamentares “muito importante” e lembrou que planeja se reunir na sexta-feira, 24, em Pernambuco, com governadores do Nordeste.
“O somatório de vocês é muito maior do que os governadores. Então essa opinião, esse saber onde o calo aperta com mais particularidade em cada Estado, nos leva pra lá com uma base maior.”
A reunião ocorre na mesma semana em que o presidente fará a primeira viagem de Estado à região, onde registra as piores avaliações, para entregar casas populares e anunciar mais verbas para obras de infraestrutura. 40% dos nordestinos avaliam o governo Bolsonaro como ruim ou péssimo, conforme o Ibope.
Elogios a Guedes
Na reunião desta quarta, o presidente ainda defendeu a aprovação da reforma da Previdência e prometeu uma proposta complementar que, segundo ele, deve trazer arrecadação maior do que a primeira. Sem dar detalhes, ele disse que o novo projeto será apresentado em breve a deputados e senadores. Questionada, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto declarou que “o presidente estuda novos projetos para o país”.
Segundo Bolsonaro, esta proposta será apresentada antecipadamente aos presidentes e líderes do Congresso. “Um projeto que, com todo o respeito ao Paulo Guedes (ministro da Economia), a previsão de nós termos dinheiro em caixa é maior do que a reforma da Previdência em dez anos”, afirmou Bolsonaro. “Com toda a certeza será aprovado aqui por unanimidade nas duas Casas, se Deus quiser”, emendou.
Ele afirmou ainda que o governo quer levar adiante propostas de aumento de arrecadação, e não de aumento de impostos. “Não podemos falar em criar impostos. Ninguém aguenta mais essa questão.”
No encontro, Bolsonaro voltou a elogiar Paulo Guedes, a quem se referiu como “importantíssimo”. “Ele é mais importante do que nunca para o futuro do Brasil porque está capitaneando a questão da reforma da Previdência”, disse.
Bolsonaro disse que ouviu apelos de parlamentares sobre situações críticas nos municípios, mas que “estão todos no mesmo barco”. “Não existe presidente, governadores e prefeitos. Praticamente está todo mundo nesse mesmo barco. A nossa despesa nessa rubrica é enorme. E devemos, sem fazer injustiça, corrigir aqui as distorções e os privilégios na Previdência. Assim sendo, nós temos certeza de que investimentos chegarão em nosso Brasil.”
(com Estadão Conteúdo)