O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, concedeu liminar de prisão domiciliar ao empresário Mário Peixoto, alvo da Polícia Federal e do Ministério Público Federal na Operação Tris In Idem. A ação, desencadeada em agosto, levou ao afastamento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). A decisão foi dada nesta segunda-feira, 11, e será publicada amanhã no Diário Oficial do STJ.
A liminar de Martins, a que VEJA teve acesso, se baseou no fato de o empresário ter 62 anos e estar com um problema urinário – que se agravou na prisão e que foi detectado em exames clínicos no hospital do sistema prisional. A necessidade de mais exames fez com que o ministro do STJ concedesse a prisão domiciliar mediante sete condições, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e saída apenas para tratamento de saúde.
“Ressalte-se ainda que o requerente é pessoa idosa e, por isso mesmo ,especialmente vulnerável à contaminação pela Covid-19. Ante o exposto, defiro o pedido formulado pelo requerente Mário Peixoto para converter a prisão preventiva em domiciliar”, escreveu Martins.
Peixoto é suspeito de ser um dos principais operadores de um esquema de corrupção na gestão da Secretaria Estadual de Saúde durante a construção de hospitais de campanha na pandemia do coronavírus. O MPF aponta que as unidades de saúde eram geridas por Organizações Sociais (OSs) controladas por laranjas supostamente ligados ao empresário. Peixoto aparece na delação pelo ex-secretário da pasta Edmar Santos.
“Que é o grupo (de Mário Peixoto) o mais importante e que detém mais poder no Estado; Que Wilson Witzel atribui a sua vitória eleitoral a Mário Peixoto; que a interlocução de Witzel com Peixoto se dava por meio de Lucas Tristão (ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e também preso), que era pessoa de confiança de ambos; que, segundo relatos de Edson Torres (operador financeiro de pastor Everaldo, presidente afastado do PSC, e outro detido), duas pastas tinham muita influência de Mário Peixoto: Educação e Ciência e Tecnologia; que o secretário de Educação é Pedro Fernandes e, o de Ciência e Tecnologia, Leonardo Rodrigues”, diz um dos trechos da delação no documento do MPF que levou à prisão do empresário.
Em entrevista exclusiva a VEJA por escrito em 31 de maio do ano passado, Mário Peixoto negou as acusações: “No meu entendimento, está muito claro que existe um pano de fundo político nesse caso. O distanciamento político do governador com o presidente (Jair Bolsonaro) criou um cenário propício (tempestade perfeita) para que eu, que sou tido como apoiador de sua candidatura desde seus claudicantes 2% de intenção de voto (na eleição de 2018), fosse usado como instrumento para atingir politicamente o governador do estado do Rio de Janeiro”, escreveu.