Em vantagem, Helder pode recolocar o Pará sob comando dos Barbalho
Em disputa apertada, filho de Jader disputa com o tucano Simão Jatene o governo de um Estado com 5 milhões de eleitores
A disputa deste segundo turno pelo governo do Pará chega ao fim neste domingo tão acirrada quanto começou: depois de vencer Simão Jatene (PSDB), candidato à reeleição, na primeira etapa por uma diferença mínima (49,88% a 48,48%), Helder Barbalho (PMDB) está tecnicamente empatado com o tucano nas pesquisas de inteção de voto – embora em vantagem numérica. Se a dianteira se confirmar nas urnas, Helder colocará o Estado novamente sob comando da família Barbalho. Filho do senador Jader Barbalho, que governou o Pará por duas vezes, ele foi prefeito de Ananindeua, a segunda maior cidade do Estado.
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A forte divisão cultural e política intrínseca às diferentes macrorregiões do Estado – Belém, Tapajós e Carajás – é um elemento que sempre marca as disputas eleitorais paraenses. E se tornou ainda mais determinante neste pleito. Resquícios do plebiscito realizado em 2011, quando a população votou contra a divisão do Pará em três Estados, ecoam na decisão dos eleitores. Declaradamente contrário à divisão, Jatene acabou prejudicado pela controvérsia. Por outro lado, o candidato do PMDB soube contabilizar votos a seu favor por se manter neutro na questão.
Dono do grupo RBA, que inclui um jornal, oito rádios e quatro canais de TV, o clã Barbalho enfrenta a família Maiorana, que apoia Jatene, na guerra midiática no Pará. A família é dona do jornal O Liberal, concorrente do Diário do Pará, dos Barbalho. A disputa nos meios de comunicação rendeu nada menos do que 40 processos na Procuradoria Regional Eleitoral, movidos pelas coligações rivais desde o início das eleições. As acusações envolvem pedidos de direito de resposta e denúncias de propaganda irregular.
Jader Barbalho pouco compareceu aos palanques do filho. O senador já renunciou uma vez ao mandato, para fugir da cassação, depois de ser acusado de surrupiar verbas públicas. Pelo mesmo motivo, passou alguns dias na prisão. O ex-presidente do Senado Federal é acusado de formação de quadrilha pelo desvio de 1,7 bilhão de reais da extinta Sudam, em 2001. Helder é a terceira geração da família na política. Sua candidatura foi acertada sob as bênçãos do ex-presidente Lula em troca do lançamento do ex-deputado Paulo Rocha, inocentado no julgamento do mensalão, para a vaga do Senado. Durante a campanha, o peemedebista dividiu palanques com Lula e com a presidente Dilma Rousseff.