Pelo terceiro dia consecutivo, presos do Complexo Prisional do Curado, no Recife (PE), amanheceram fora das celas nesta quarta-feira, circulando livremente pelo pátio de ao menos um dos prédios da maior unidade carcerária de Pernambuco. A própria Secretaria Executiva de Justiça e Direitos Humanos reconheceu que, embora mais tranquila que nos últimos dois dias, a situação ainda não está normalizada. Policiais militares estão de prontidão, no entorno do complexo, segundo informações da Agência Brasil.
Diretores da unidade e representantes do governo estadual continuam negociando as reivindicações dos presos para tentar pôr fim aos tumultos. Nesta terça, o secretário executivo de Ressocialização, Eden Vespasiano, deixou o local por volta das 22 horas. Mais cedo, Vespasiano e o secretário de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco, Pedro Eurico, já tinham entrado no complexo e conversado com um grupo de dez presos que lhe entregou as reivindicações dos detentos.
Desde a última segunda-feira, o Complexo Prisional do Curado – antigo Aníbal Bruno – é palco de tumultos que já deixaram três mortos e dezenas de feridos. Um dos mortos foi o sargento da Polícia Militar Carlos Silveira do Carmo, de 44 anos. As outras duas vítimas fatais são dois detentos.
Apesar dos mortos e feridos e das imagens de presos circulando com facas e facões improvisados, o governo estadual classifica o fato como um “tumulto”. Segundo o governo pernambucano, a situação está sob controle e a força policial só será empregada em último caso, se estritamente necessário. As visitas de parentes e amigos dos presos também estão suspensas.
Os detentos se queixam da lotação da unidade e exigem rapidez no julgamento dos processos dos presos que aguardam julgamento ou que pedem revisão de suas penas.
O governo estadual já prometeu adotar algumas medidas para melhorar as condições em todo o sistema prisional. Entre as ações já anunciadas pelo secretário executivo de Ressocialização estão a contratação imediata de 132 agentes de segurança penitenciária já aprovados em concurso; a entrega de novas unidades prisionais – como o complexo de Tacaimbó e de Santa Cruz do Capibaribe e de Araçoiaba -; aumento do número de equipamentos de monitoramento eletrônico dos reeducandos, entre outras.
Duas das medidas de curto prazo já anunciadas são a construção de um muro e a instalação de alambrados na parte superior da muralha a fim de impedir que pessoas lancem, de fora para o interior do complexo, materiais que possam ser usados na confecção de armas como facões improvisados. Aproximadamente 4 milhões de reais serão gastos e a expectativa é que o muro e o alambrado fiquem prontos em até 120 dias.