O presidente Jair Bolsonaro (PSL) usou parte do seu discurso do lançamento do programa Médicos pelo Brasil para criticar o Mais Médicos, programa lançado durante o governo de Dilma Rousseff. Durante a cerimônia desta quinta-feira, 1º, Bolsonaro disse que o partido usava o povo “para espoliá-lo, na base do terror, por um projeto de poder”. “A ideia [do Mais Médicos] era formar núcleos de guerrilha do Brasil”, afirmou.
Bolsonaro não poupou nem mesmo os médicos cubanos que atuam ou atuaram no Brasil. “Se os cubanos fossem tão bons assim, teriam salvado a vida de [Hugo] Chávez. Não deu certo”. O ex-presidente de Cuba morreu em 2013 em decorrência de um câncer na região pélvica.
Durante a cerimônia, Bolsonaro disse que tentou “interferir” na aprovação do Mais Médicos enquanto deputado federal. “Não tivemos sucesso, o Parlamento era conduzido de outra forma. Hoje é completamente diferente”, afirmou. O presidente também voltou a criticar a suposta proibição dos médicos cubanos trazerem suas famílias para o país. Não existe, entretanto, qualquer proibição no programa para isso.
Em 2013, enquanto deputado federal, Bolsonaro defendeu a proibição da entrada de familiares de médicos cubanos que ingressaram no programa Mais Médicos. “A verdade, aos poucos vem vindo à tona: eles querem trazer 6 mil médicos cubanos. Prestem atenção. Está na medida provisória: cada médico cubano pode trazer todos os seus dependentes. E a gente sabe um pouquinho como funciona a ditadura castrista. Então, cada médico vai trazer 10, 20, 30 agentes para cá”, disse à época.
Contudo, durante a cerimônia, o discurso foi diferente. Bolsonaro afirmou que a suposta proibição de familiares dos cubanos era “uma questão humanitária que foi estuprada pelo PT”. “Por anos, mães e pais ficaram afastados dos seus maridos, esposas e dos seus filhos. Falo isso porque sou pai de cinco filhos”.
Em novembro de 2018, o governo cubano anunciou que sairia do Mais Médicos no Brasil por discordar de exigências feitas pelo então governo eleito de Bolsonaro. Com isso, mais de 8.000 médicos cubanos que atuavam no programa vão deixar o país. O Ministério da Saúde Pública de Cuba classificou como “depreciativas” as palavras de Jair Bolsonaro sobre os médicos cubanos.
Médicos pelo Brasil
O Ministério da Saúde lançou nesta quinta-feira, 1º, o programa Médicos pelo Brasil. De acordo com as informações oficiais, serão 18 mil vagas previstas. “A estratégia ampliará em cerca de 7 mil vagas a oferta de médicos em municípios onde há os maiores vazios assistenciais na comparação com o programa Mais Médicos, sendo que as regiões Norte e Nordeste juntas têm 55% do total dessas vagas”, informa a pasta.
Os médicos vão atuar na Atenção Primária à Saúde (APS), base do Sistema Único de Saúde (SUS). “Vamos promover a qualidade de vida da população e intervir nos fatores que colocam a saúde em risco, como falta de atividade física, má alimentação, uso de tabaco, dentre outros. Também vai trazer para perto da comunidade serviços como consultas médicas, exames, vacinas, radiografias e pré-natal para gestantes”, destacou Luiz Henrique Mandetta, ministro da Saúde.
(Com Estadão Conteúdo)