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Oposição anuncia na CPMI que pediu prisão de GDias, ex-GSI

General estava à frente do Gabinete de Segurança Institucional no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes e afirmou que tomou 'todas ações' ao seu alcance

Por Da Redação
Atualizado em 31 ago 2023, 18h51 - Publicado em 31 ago 2023, 09h55

O deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB) anunciou nesta quinta-feira, 31, durante sessão da CPMI do 8 de Janeiro, que a oposição protocolou na Procuradoria-Geral da República (PGR) pedido de prisão do general Gonçalves Dias, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) por omissão imprópria, prevaricação e obstrução de Justiça.

Indicado pelo atual governo, o general da reserva estava à frente do cargo no dia dos ataques às sedes dos Três Poderes. GDias, como é conhecido, deixou o posto no dia 19 de abril de 2023, após a divulgação de vídeos nos quais ele aparece em um dos locais da invasão. Na quarta-feira 30, o ministro do STF Cristiano Zanin concedeu ao militar o direito ao silêncio diante de perguntas que o levem à autoincriminação.

Em sua fala inicial, o general se defendeu e disse ter tomado ‘todos os esforços e ações que estavam em meu alcance para mitigar danos e, o mais importante, preservar as vidas de cidadãs e cidadãos brasileiros sem derramamento de uma gota de sangue, sem uma morte’. Segundo ele, o 8 de Janeiro foi um fato “único, inédito e inimaginável para todos que somos democratas e devotamos respeito à Constituição e às instituições”. Ainda assim, o depoente afirmou que seria “mais duro” na repressão aos ataques.

“Tendo conhecimento agora da sequência dos fatos que nos levaram até aquelas agressões de vândalos e também da ineficiência dos agentes que atuavam na execução do Plano Escudo aprovado com a coordenação de diversos órgãos civis, militares e de segurança publica, seria mais duro do que fui na repressão, faria diferente”, ressaltou.

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GDias afirmou ainda que decidiu ir ao Planalto “ver como estava a situação” após ter recebido “informações divergentes” de pessoas que trabalham com ele – dois agentes da Polícia Militar do Distrito Federal e o seu então secretário executivo, general Penteado. “É claro que hoje seria radicalmente mais exigente e minucioso no detalhamento do planejamento do esquema de segurança, mesmo aquilo sendo responsabilidade da secretaria de segurança pública do Distrito Federal”, ponderou.

Sobre sua saída do Gabinete de Segurança Institucional, o general justificou o pedido de demissão em razão de “divulgação imprecisa e desconexa de vídeos gravados no interior do Palácio do Planalto durante a invasão do prédio”. A saída do militar se deu após ele aparecer em vídeos conversando com golpistas dentro do Planalto.

Questionado pela relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama, por qual motivo adotou tranquilidade e não deu ordem de prisão aos invasores, o ex-ministro disse que era preciso “gerenciar crise e evacuar as pessoas para que não houvesse depredações e gerenciar para que não houvesse mortos nem feridos e que não adiantava sair batendo nas pessoas”. “Fui treinado a minha vida toda para, em momentos de crise, em momentos difíceis da nossa vida, gerenciar as crises. A senhora não gerencia uma crise apagando fogo jogando gasolina”, respondeu o general.

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Antes, em sua fala inicial, o general explicou a decisão de ir ao Planalto. Segundo ele, ainda na manhã do dia 8 de janeiro, o então diretor da Abin o alertou por telefone sobre a “possibilidade de intensificação das manifestações”, mas que, ao falar, também por telefone, com a coronel Cíntia, da PM do DF, ela disse que “estava tudo calmo”.

“Por volta de 13h30, recebi uma nova ligação do sr Saulo. Ele confirmou a intensificação das manifestações. Liguei para o general Penteado, secretário executivo do GSI, que me afirmou que estava tudo calmo. Ele disse que eu não precisava ir ao Planalto. Porém permaneci inquieto e decidi ir ao Planalto”, afirmou.

De acordo com GDias, quando chegou ao palácio presidencial, o general Penteado foi ao seu encontro. Ele, então, questionou ao colega “por que o bloqueio na frente do Palácio que deveria ter sido feito pela PM do DF não havia sido montado”. “Aquele era o bloqueio do Plano Escudo do Planalto e tinha que estar montado, mas não estava”, salientou.

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“Cobrei dele com um palavrão o motivo do bloqueio não ter sido montado. Ele não deu resposta e saiu para montar o bloqueio. Naquele momento pedi ao general Dutra que enviasse todo o reforço que conseguisse reunir”, continuou o depoente.

“Ao desligar o telefone, vi os manifestantes começando a descer a pista do Ministério da Justiça, que é uma rampa. Assisti o último bloqueio da PM ser facilmente rompido antes dos vândalos chegarem no Planalto. Aquilo não podia ter acontecido, só aconteceu porque o bloqueio da PM foi extremamente permeável”, disse GDias aos parlamentares.

Segundo ele, na reunião do dia 6, na qual o GSI não teria sido convidado, o Plano de Ação Integrado (PAI) determinava que deveria haver um bloqueio e revista dos manifestantes na altura da rodoviária do Plano Piloto. “O PAI também previa como responsabilidade da polícia que nenhum manifestante ou veículo atingisse a Praça dos Três Poderes. o bloqueio foi feito, mas a revista não. Os manifestantes romperam com facilidade o cordão de isolamento da PM”, lembrou o general.

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O depoente, então, disse que, após os golpistas furarem o bloqueio da guarda do Planalto “passaram a agir como se tivesse uma coordenação e atuaram como se soubessem como deveriam fazer para cercar o palácio”.

O general também afirmou que quando deixou o expediente no GSI no dia 6 de janeiro, a secretaria de segurança pública do DF “assegurava que tudo estava sob controle e que ações especiais eram desnecessárias”. Disse ainda que, “entre os dias 2 a 5 de janeiro, os alertas não apontavam para uma espiral de violência ou depredações, ao contrário, diziam que o movimento se esvaziava”.

Requerimentos

A convocação de Gonçalves Dias foi objeto de aproximadamente 100 requerimentos. No início dos trabalhos, a CPMI chegou a rejeitar o depoimento do ex-ministro, mas em junho, um acordo viabilizou a aprovação dos pedidos. Entre os signatários, estão os senadores Sergio Moro (União-PR), Magno Malta (PL-ES) e Izalci Lucas (PSDB-DF). O depoimento é visto pelos parlamentares de oposição como uma “peça chave” na tentativa de esclarecer “providências adotadas e o desdobramento das investigações conduzidas pelo governo federal”, como justifica o senador Sergio Moro em seu requerimento.

Os senadores ainda fazem referência a uma matéria jornalística segundo a qual partiu do general a ordem para a direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) adulterar os alertas enviados a ele sobre a ameaça de ataques em 8 de janeiro, no relatório entregue ao Congresso Nacional. A pedido da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI), o GSI encaminhou dois relatórios de inteligência diferentes ao Congresso Nacional, de modo que teriam sido suprimidos 11 alertas de mensagens enviadas a GDias a respeito das ameaças existentes, de acordo com o noticiário.

Além disso, os parlamentares citam os vídeos veiculados pela rede de TV CNN Brasil, em abril, com trechos que registram a presença do general no interior do Palácio do Planalto, no dia 8 de janeiro, durante a invasão do prédio da sede.

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“Registre-se que o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República dispensou um pelotão com 36 militares do Choque, preparados para controle de distúrbios civis, que poderiam ficar de prontidão. Somente depois de os ataques começarem houve pedidos de reforço. O GSI disse que a guarnição de serviço no Palácio já estava reforçada com tropa de choque do BGP [Batalhão da Guarda Presidencial], sem revelar o efetivo. O restante estava em prontidão, mas a alguns quilômetros dali, aquartelado no Setor Militar Urbano. Para o deslocamento são estimados 30 minutos. ‘Foram solicitados assim que ficou demonstrado o caráter violento dos agressores’, afirmou o GSI”, diz o senador Izalci Lucas na justificativa.

Oitiva na Câmara do DF

Durante depoimento na CPI da Câmara Legislativa do DF, que também investiga os ataques antidemocráticos, Gonçalves Dias negou ter sido conivente com os golpistas que invadiram o Palácio do Planalto. O general também negou ter adulterado relatórios da Abin que foram enviados ao Congresso Nacional, ao Ministério Público Federal e ao Ministério Público Militar. A oitiva ocorreu em 22 de junho.

(Com Agência Senado)

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