Os quase 2 metros de altura e a dicção tão perfeita que soava irreal fizeram do ator americano Tony Todd o intérprete ideal para filmes de suspense e terror. Fez fama, e dela nunca mais se descolaria, com um clássico instantâneo, O Mistério de Candyman, de 1992, que teria duas sequências. O longa, dirigido por Bernard Rose, é inspirado na famosa lenda urbana sobre um filho de pais escravizados que é morto sob tortura depois de se apaixonar por uma mulher branca. No enredo, ele volta como fantasma para assombrar um complexo habitacional, onde uma série de assassinatos acontece sem explicação.
O que parecia fadado a apenas assustar, virou um pequeno épico contra a chaga do racismo. Todd apareceria, em mais de quatro décadas de carreira, em 240 produções de cinema e televisão. Tentou outros gêneros, mas Candyman era tão forte que o rótulo nunca mais pôde ser apartado de sua convincente e portentosa figura. Não por acaso, foi nas telas também William Bludworth, dono de uma funerária nos filmes da franquia Premonição, sucessos de bilheteria do terror. Ele morreu em 6 de novembro, aos 69 anos, de causas não reveladas, em sua casa em Marina del Rey, no estado da Califórnia, nos Estados Unidos.
Aquela voz dos primórdios
Houve um tempo, lá na pré-história, nos primórdios da internet, quando ainda se escrevia “Internet”, com i maiúsculo, em que tudo parecia assustador — um pouco futurista, um tanto improvável, de difícil acesso. O caminho, para os pioneiros, era facilitar a vida. E então, no fim dos anos 1980, a Quantum Computer Services, que depois seria batizada de AOL, decidiu pôr uma voz simpática e acolhedora nos serviços on-line. A mensagem “You’ve got mail”, na voz firme de Elwood Edwards, virou ícone de uma era. A frase sucedia o ruído arranhado característico de um modem sendo ligado, aquela barulheira infernal que representava sucesso, sim, o computador tinha se conectado à rede. “O timbre de Edwards fez a AOL parecer mais amigável numa época em que a internet era um mundo novo e grande para a maioria das pessoas”, anotou a empresa em comunicado. Ele morreu em 5 de novembro, aos 74 anos, de causas não reveladas pela família.
A diplomacia por excelência
Foi extraordinária a carreira diplomática do mineiro José Botafogo Gonçalves. Ao longo de sua trajetória, o diplomata serviu na embaixada do Brasil em Moscou (1962-1964), Roma (1964-1967), Santiago (1967-1969), Paris (1973-1975) e Bonn, na Alemanha (1976-1977). Foi ainda cônsul-geral em Milão (1991-1995) e embaixador em Buenos Aires (2002-2004), além de embaixador especial para assuntos do Mercosul.
Entre 1998 e 1999 ocupou o cargo de ministro da Indústria, do Comércio e do Turismo no governo de Fernando Henrique Cardoso — ancorado em recursos de excelente conciliador, adquiridos durante os anos de 1980, como negociador da dívida externa brasileira. Era vice-presidente emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), um dos principais think tanks sobre diplomacia da América Latina. Morreu em 8 de novembro, aos 89 anos, no Rio.
Publicado em VEJA de 15 de novembro de 2024, edição nº 2919