O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, declarou nesta terça-feira, dia 10, que a decisão de paralisar os testes clínicos da vacina CoronaVac foi “técnica” e que recebeu informações “incompletas” sobre a morte de um dos 10.000 voluntários do imunizante, que é produzido pela chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo.
VEJA confirmou hoje que a causa da morte foi suicídio e que não tinha nenhuma relação com a aplicação da vacina. “Não havia essa informação”, disse Torres ao ser questionado sobre os relatórios que a Anvisa havia recebido do Butantan. “As informações veiculadas foram consideradas pela área técnica insuficientes e incompletas”, acrescentou. “Por que veio incompleto, a resposta eu não sei”.
A morte do paciente ocorreu no dia 29 de outubro. No dia 6 de novembro, o Butantan reportou a ocorrência à Anvisa, que só tomou conhecimento do fato no dia 9 de novembro. À noite no mesmo dia, a agência reguladora decidiu paralisar os testes da vacina e marcou uma reunião com os técnicos do Butantan para saber mais detalhes sobre o “evento adverso grave”.
O gerente-geral de medicamentos e produtos biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes, disse que a informação sobre o suicídio ainda não chegou pelos canais oficiais e que, por isso, a interrupção está mantida. “Usamos sempre o princípio da precaução. Só quando tivermos esses dados brutos – aqueles que efetivamente comprovam a alegação – tomaremos essa decisão”, disse ele. Mendes também frisou que, por ora, só está paralisada a vacinação de novos voluntários – outras etapas, como o desenvolvimento da vacina, a compilação dos dados e o acompanhamento dos pacientes, prosseguem normalmente.
A interrupção dos estudos da vacina contra a Covid-19 foi celebrada nesta terça-feira de manhã pelo presidente Jair Bolsonaro, que trava uma batalha pessoal com o governador de São Paulo, João Doria, por causa do imunizante de origem chinesa. “Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”, escreveu ele nas suas redes sociais.
Perguntado sobre a politização do tema, o diretor-presidente da Anvisa, Antônio Torres, declarou que, dessa seara, “estaremos sempre fora”. “O que o cidadão brasileiro hoje não precisa é de uma Anvisa contaminada por guerra política. Ela existe, claro que existe. Mas ela tem que ficar do muro de fora para lá”, afirmou ele.