A Confederação Israelita do Brasil (Conib) afirmou neste sábado, 20, que está preparando uma notícia-crime contra o ex-deputado federal Roberto Jefferson, presidente do PTB e um dos principais aliados do presidente Jair Bolsonaro, por uma publicação em suas redes sociais na qual relaciona a comunidade judaica ao infanticídio.
Na publicação, feita na sexta-feira, Jefferson escreveu: “Baal, deidade satânica, Cananistas e judeus sacrificavam crianças para receber sua simpatia. Hoje, a história se repete”.
“A postagem caracteriza crime de racismo, com aumento de pena pelo fato de ter sido praticado por intermédio de rede social”, avalia a Conib. “Todas as evidências do ilícito e dos comentários de seguidores, que também podem ser caracterizados como crime, foram preservados para investigação criminal”.
Em nota, a confederação pediu ao Instagram que a publicação seja removida e o perfil do ex-deputado e delator do mensalão seja punido.
A publicação também foi denunciada nas redes pelo movimento Judeus pela Democracia, que disse tratar-se de “uma mentira histórica absurda e de um grave gesto antissemita”. A rede social encaminhou a VEJA um comunicado sobre o assunto, que você lê abaixo:
“O Instagram não permite o compartilhamento de conteúdo que ataque pessoas com base em raça, etnia, nacionalidade, religião ou orientação sexual, classe social, sexo, gênero, identidade de gênero, doença ou deficiência. O conteúdo foi removido.
Encorajamos a nossa comunidade a denunciar conteúdos que possam violar nossas políticas. Abaixo um passo a passo de como reportar conteúdo com discurso de ódio.
Toque em (…) acima da publicação
1. Toque em Denunciar
2. Toque em O Conteúdo é inadequado
3. Selecione a opção Símbolos ou discurso de ódio”.
Investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em inquérito que apura a disseminação de notícias falsas, Roberto Jefferson teve sua conta no Twitter suspensa no ano passado por decisão do ministro Alexandre de Moraes. A Justiça de São Paulo determinou no mês passado que ele terá indenizar Moraes em R$ 50.000 por ofensas proferidas virtualmente.
Mais cedo nesta semana, o ex-deputado já havia se envolvido em outra disputa. Insultado por Roberto Jefferson durante uma entrevista recente, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, disse que irá apresentar uma representação contra ele junto ao Ministério Público.
No último dia 12, Jefferson proferiu agressões em relação ao governador e contra a comunidade LGBT. A Defensoria Pública gaúcha chegou a divulgar nota em que diz considerar “absolutamente inaceitável” as declarações, que ofenderam “vulgarmente” o governador e grupos minoritários.