A cada tempestade que deixa rastro de destruição no Rio de Janeiro, a pergunta se repete: será que a prefeitura poderia ter feito mais para impedir e prevenir os desastres? Os números obtidos por VEJA no Portal da Transparência da capital fluminense revelam que sim: entre 2014 e 2018, houve queda de 78% no valor pago pelo município para o programa de “controle de enchentes“.
Em 2014, durante o mandato do ex-prefeito Eduardo Paes (à época no MDB), o Rio gastou R$ 294,7 milhões no programa. O valor para o programa caiu nos anos seguintes, até chegar a apenas 14,5 milhões de reais em 2017, início da gestão Marcelo Crivella (PRB).
No ano passado, o município gastou apenas 57,3% do que o orçamento previa para controle de enchentes: no total, foram usados 66,2 milhões de reais para tentar prevenir o recorrente problema. Trata-se de um valor 78% menor que o gasto em 2014.
A proteção de encostas também poderia ter sido alvo de maiores esforços do governo. Foram gastos apenas 13,3% dos R$ 264,9 milhões autorizados pelo orçamento: cerca de 35,4 milhões, valor inferior aos 36,1 milhões de reais usados em 2014.
Crivella fez piada em fevereiro de 2018, ao comentar outra forte chuva que assolou a cidade. “Lá em São Paulo também tem enchente. Vão até lançar um programa novo: o Balsa Família!”, declarou ao jornal O Globo.
Em 2019, o Rio terá até 75,8 milhões de reais para gastar em iniciativas para o controle de enchentes neste ano, e outros 71,7 milhões de reais para a proteção de encostas, de acordo com o levantamento feito pelo gabinete de vereador Renato Cinco (PSOL).
Ainda durante a madrugada, Crivella foi acompanhar os estragos causados pela chuva na Avenida Niemeyer, na Zona Sul do Rio, onde afirmou que a prefeitura já previa chuvas fortes para quarta 6, mas que, “surpreendentemente”, uma tempestade veio logo na sequência. A previsão é de que nesta quinta, 7, ocorram mais chuvas, mas com menor intensidade.
O programa de controle de enchentes prevê a implantação e manutenção de sistemas para escoamento das águas de rios, canais, galerias, e outras estruturas hidráulicas da cidade, para “diminuir a frequência de inundações”, de acordo o planejamento orçamentário da prefeitura.
Procurada, a prefeitura ainda não se manifestou sobre os números.