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Cidades recebem profissionais do Mais Médicos, mas já notam desistências

Ministério da Saúde estuda deslocar quem já atua no programa para onde houver dificuldade em repor os cubanos

Por Estadão Conteúdo Atualizado em 28 nov 2018, 15h33 - Publicado em 28 nov 2018, 11h45
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  • Profissionais brasileiros inscritos no novo edital do programa Mais Médicos começaram nesta semana a ocupar as vagas deixadas pelos cubanos, mas desistências já preocupam os municípios. Na segunda-feira (26), 224 brasileiros se apresentaram às cidades onde irão trabalhar, segundo o Ministério da Saúde.

    A médica Carolina Serafim da Silva, de 27 anos, foi uma delas. Na terça-feira 27 começou a trabalhar em Votorantim (SP). Pelo menos 1.307 médicos cubanos que atuavam em 733 municípios — de um total de 8.300 profissionais da ilha — já deixaram o país, disse a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

    “Encaro como uma oportunidade, pois penso em me especializar em Medicina da Família”, diz ela, que terá cerca de 4.000 moradores sob seus cuidados. A jovem, que vivia de plantões, acredita que o programa vai garantir a ela mais estabilidade. Além da bolsa de 11.800 reais, terá uma ajuda de custo de 1.800 reais para gastos com aluguel.

    Na terça, a professora Claudia Ferreira, de 47 anos, foi conhecer a novata e aproveitou para medir a pressão. “Espero que tenha o mesmo pique da doutora Liliana, a cubana que nos deixou. Com ela, o atendimento melhorou muito.” Saiu animada. “Ela (Carolina) é simples como a gente, simpática. Acho que vai ser uma continuidade.”

    Segundo a Secretaria de Saúde de Votorantim, há ainda uma vaga aberta por uma brasileira que saiu do programa sem terminar o contrato. Antes de Cuba anunciar o rompimento, havia cerca de 2.000 vagas não preenchidas no país — de 18.240 postos do programa federal.

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    O novo edital também tem atraído recém-formados. É o caso de Raphael Fittipaldi, que vai atuar em Ourinhos, interior de São Paulo. “Como sou da cidade, eu me coloquei à disposição para assumir de imediato a vaga”, conta ele, que pegou o diploma no primeiro semestre e começou a trabalhar na terça.

    A Secretaria de Saúde de São Paulo informou que já tem os nomes dos 78 profissionais inscritos para trabalhar na capital e eles vão se apresentar no dia 3 de dezembro.

    Desistências

    Já em Cosmópolis, também no interior de São Paulo, de sete aprovados no novo edital, só três estão disponíveis. Três desistiram antes de “tomar posse”, diz a prefeitura, e um não se apresentou. A reposição dos desistentes já foi pedida. Lá havia oito médicos cubanos — sete saíram. O outro fez o Revalida, exame de validação do diploma obtido no exterior, e foi aprovado.

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    A evasão preocupa gestores de Saúde. Havendo dificuldade em repor os cubanos, o ministério estuda deslocar profissionais que já atuam no programa para essas regiões. Em edital de novembro de 2017, o índice de desistência entre profissionais com registro foi de 20%.

    Em Contagem, Grande Belo Horizonte, a expectativa era receber cinco inscritos, mas dois desistiram. Os outros devem começar na semana que vem. Um posto em Nova Contagem, bairro pobre da cidade, só tinha um médico, cubano, e agora está sem nenhum. A prefeitura estima que 22 pacientes deixem de ser atendidos por dia no local.

    O Ministério da Saúde disse adotar medidas “para garantir a assistência”. Balanço sobre o novo edital deve sair no dia 18. “Em caso de desistência, a vaga será disponibilizada em uma possível segunda etapa.”

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