O impacto é inevitável: de acordo com os economistas, o ciclo de alta da taxa de juros reduzirá o crescimento econômico brasileiro. Na quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou o segundo aumento consecutivo da taxa Selic (alta de 0,5 ponto porcentual, para 12,25%), e essa elevação, de acordo com os especialistas, não será a última. A avaliação geral é de que a expansão da economia não será a mesma com os juros mais altos.
Preocupado com o combate à inflação, sua missão prioritária no momento, o Copom deverá usar os juros mais altos para impedir que o índice fique muito acima do centro da meta fixada pelo governo, de 4,5%. Para garantir isso, acreditam os economistas, o BC deverá adotar novos aumentos em todas as quatro reuniões do Copom que ainda restam neste ano. A elevação em cada uma delas não deve ficar abaixo do 0,5 ponto porcentual — a taxa pode fechar 2008 em 14,25%.
“O Brasil está crescendo na margem entre 6% e 7%, bem acima do seu potencial, e é preciso baixar a temperatura, porque não dá para crescer nesse ritmo”, afirmou Gino Olivares, economista-chefe do Opportunity Asset Management, em entrevista publicada nesta quinta-feira pelo jornal O Estado de S. Paulo. Conforme Olivares, a inflação pode ficar perto dos 6% em 2008, e o crescimento econômico deve cair para entre 3% e 4% em 2009, depois de cerca de 5% neste ano.
Outro especialista ouvido pelo Estado, Sérgio Vale, da MB Associados, prevê que o crescimento deve passar de 4,7% em 2008 para 4,2% em 2009 — previsão otimista, já que Vale acredita numa desaceleração suave da economia. Já Alexandre Pavan Póvoa, diretor do Modal Asset Management, acredita que a Selic chegará a 14,5% no fim deste ano, e que o crescimento do PIB recuará para 4,8% em 2008 e 3,7% em 2009. Ninguém acredita no cumprimento da meta da inflação.