Parlamentares bolsonaristas têm feito campanha nas redes sociais por um boicote ao 7 de Setembro, em meio a um movimento institucional do Palácio do Planalto e de apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pela comemoração da data. Nos últimos dias, nomes fiéis ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fizeram posts em que orientam os “verdadeiros brasileiros” a ficarem em casa no Dia da Independência, em geral com o mesmo lema: “Não há o que comemorar”. O movimento também tem ganhado força entre militares, tema de conversas em grupos online.
Utilizada, especialmente nos últimos dois anos, por Bolsonaro para demonstrar seu apoio popular, o feriado de 7 de Setembro ganhou olhares mais atentos especialmente em 2022, a menos de um mês do primeiro turno das eleições. Na ocasião, o presidente foi à orla da Praia de Copacabana, tomada por trios elétricos e manifestantes vestidos de verde e amarelo.
Desta vez, perfis da Secom e do ministro da secretaria, Paulo Pimenta, têm pregado em publicações a mobilização e a união de “famílias, amigos e todo o país para celebrar nossos valores mais sagrados: a nossa soberania e a nossa democracia”. No domingo, projeções nas cores da bandeira do Brasil coloriram os prédios do Congresso Nacional e do Museu da República, em Brasília, marcando o início das celebrações institucionais. A estratégia tem incomodado bolsonaristas.
“O brasileiro patriota tem que dar um recado e não ir às ruas. E vamos deixar a esquerda, vamos deixá-los utilizar esses símbolos, vamos ver se eles vão, realmente, lotar as ruas. Vamos ver quem são os verdadeiros brasileiros.Tenho certeza que se os patriotas não forem às ruas em luto a tudo o que está acontecendo, eles vão passar vergonha com um 7 de setembro muito esvaziado”, diz o deputado federal Carlos Jordy (PL/RJ), em vídeo publicado em seu perfil no Twitter com a legenda: “Sobre o 7 de setembro: não há independência quando se vive numa ditadura. Não há o que comemorar!”.
Já a deputada federal Bia Kicis (PL/DF), aliada de primeira hora do ex-presidente, destacou dizeres semelhantes em vídeo publicado também em sua conta no Twitter: “Nada a comemorar em 7 de setembro. Fique em casa”, escreveu. A publicação traz recente pronunciamento da parlamentar no plenário da Câmara: “Infelizmente, nós não temos o que comemorar politicamente no dia 7 de setembro. Eu não irei para as ruas. E se tiver algum brasileiro que queira ir para as ruas que não seja apoiador do desgoverno, que vá de preto”, disse.
O movimento teve ainda apoio do ex-Secretário Nacional de Pesca e Aquicultura de Bolsonaro e hoje senador Jorge Seif (PL/SC).
“E aí, vai mesmo prestigiar o 7 de setembro? Vai permitir que seu filho seja comprado por 0,5 pontos na média para ir ao desfile? Os mesmos que traíram seu povo em 08/01… os mesmos que prestam continência a Lula e Maduro? Certamente não. Fique em casa! Junto com sua família”, publicou, na tarde do último domingo.
Comunicado entre militares
Nos grupos de WhatsApp de militares, também se discute um boicote ao Dia da Independência. Um dos comunicados que circula, creditado à Associação dos Oficiais da Reserva do Exército do Rio Grande do Norte com data de 30 de agosto, afirma que, em reunião com a diretoria da entidade, foi decidido que a associação “não desfilará no próximo dia 07 de setembro de 2023 devido ao momento instável que nosso país está passando”. O documento é assinado pelo presidente da organização, Elisiário Ferreira Lima Júnior, e termina com um recado: “Estas palavras dizem a verdade”.