Apagões voltam a assombrar o verão carioca
Pane que deixou bairros sem luz no sábado foi causada por falha em subestação
O sábado de sol no Rio trouxe de volta, além do calor, o fantasma do apagão. A falta de energia elétrica em vários bairros da cidade foi, como informaram os técnicos de Furnas, ocasionada por uma falha durante o serviço de implantação da nova subestação na zona oeste da cidade. Apesar das garantias de que trata-se de um caso isolado, o carioca recordou, da pior forma, os transtornos em casa e as perdas no comércio que marcaram o verão passado.
O superintendente de serviços de rede da Light, concessionária que opera a distribuição de energia na capital, José Aloise Ragone, afirma que o risco de grandes desligamentos será menor, mas faz as ressalvas. “A garantia de que não existirá apagão nunca poderá ser dada. A operação do sistema é complexa, e pode haver problemas não só na rede de distribuição, mas na transmissão e na geração. O risco haverá em qualquer sistema do mundo”, afirma.
A interdependência dos serviços, de que fala Radone, consiste, de forma resumida, nas fases de geração (nas usinas), transmissão (nas linhas de alta tensão) e distribuição (para os consumidores finais). Em nota, Furnas – responsável pela transmissão da energia – informou que a “atuação acidental do sistema de proteção na Subestação Grajaú causou seu desligamento e afetou a Subestação de Jacarepaguá”, causando os desligamentos.
Apesar de o problema de sábado ter ocorrido na transmissão, praticamente todas as complicações afetam os clientes.
Para minimizar as chances de apagões, a Light e a Ampla – as duas principais concessionárias de distribuição de energia do Rio de Janeiro – reforçaram as medidas preventivas.
Ampla e Light prepararam o sistema elétrico de março a novembro para o momento em que ele mais será exigido, o verão. Durante a estação, aumenta o consumo e as condições climáticas complicam o trabalho das concessionárias. Apenas nas áreas administradas pela Ampla, a incidência de raios nas redes elétricas aumentou em 117% no verão 2010, comparado ao mesmo período de 2009. Por isso, aumentou em 35%, segundo a empresa, o investimento em qualidade de serviço. Em números, significa a aplicação de 102 milhões de reais em redes compactas com cabos encapados para dificultar que árvores esbarrem e desarmem a rede.
A Light apostou na mesma forma de prevenção e trocou 15% da rede antiga por cabos protegidos. A expectativa é de se ter a rede toda transformada em longo prazo. Outras medidas tomadas foram a substituição de cinco mil transformadores por outros de maior potência e a poda de 225 mil árvores neste ano. A Ampla também investiu no corte das folhas, uma das principais causas de problemas nas redes aéreas- foram 700 mil podas.
Crucial para a Light é a rede subterrânea. A cidade tem o maior sistema desse tipo em toda a América Latina, com 500 mil clientes. Em 2010, todas as bóias de cobre, cuja função é evitar que a água penetre nas câmaras localizadas no subsolo, foram trocadas por equipamentos de fibra de vidro. Em março, o furto desses objetos foi o responsável por um grande apagão no centro financeiro do estado.
O diretor de relações institucionais da Ampla, André Moragas, lembra outro problema do estado que pode dificultar a atuação da concessionária: deslizamentos de terra. No verão passado, houve o desmoronamento em Ilha Grande, na Costa Verde, área de concessão da Ampla. “Na Ilha Grande, algumas praias ficaram sem luz 15 dias depois do ocorrido, porque os bombeiros trabalhavam no local nas buscas pelos desaparecidos. Recebemos um pedido para não religar a energia por questão de segurança”, explica.