Pouco depois de o médium João de Deus se entregar à Polícia Civil de Goiás, seu advogado, Alberto Toron, concedeu entrevista neste domingo, 16, na entrada da Delegacia Estadual de Investigações Criminais (Deic), de Goiânia, e disse que buscará um acordo de prisão domiciliar para seu cliente. O líder espiritual de 77 anos foi acusado por mais de trezentas mulheres de abuso sexual e teve sua prisão preventiva decretada na sexta-feira 12.
Toron citou a saúde debilitada do cliente para sugerir a prisão domiciliar. “Ele deu uma mostra clara de que respeita a Justiça. Esperamos que haja sensibilidade e que seja feita uma opção de menor custo para o Estado e para o João de Deus, como uma prisão domiciliar”, afirmou.
“Prisão preventiva tem como função fazer que a pessoa não venha a fugir ou pressionar testemunhas. Se ele for colocado em casa, com uma tornozeleira, você impede, em tese, a ocorrência de novos delitos, se é que eles ocorreram, e qualquer hipóteses de fuga, lembrando que ele se apresentou espontaneamente”, completou o advogado.
Ele também citou o caso da “Escola Base” – no qual os donos de uma escola foram injustamente acusados de pedofilia num caso de enorme repercussão – e pediu “prudência” para que as denúncias contra João de Deus sejam devidamente apuradas.
“A medida que os fatos forem sendo apurados, com todas as pessoas ouvidas, vamos poder ver se aquilo tem consistência ou não, se são aproveitadores ou não”, disse. “Sem dúvidas são denúncias graves (…), mas como explicar que essas mulheres tenham voltado cinco, dez vezes? É algo que precisa ser explicado”, completou.
Movimentação financeira
Alberto Toron ainda negou informações do MP de Goiás de que João de Deus retirou 35 milhões de reais de contas e aplicações financeiras após as primeiras denúncias de abuso sexual. A informação acelerou a decretação da prisão preventiva. “O dinheiro não foi sacado, ele apenas baixou as aplicações para fazer frente às necessidades dele”, afirmou o advogado, sem dar maiores detalhes.
Segundo Toron, o médium está pálido e teve de ser medicado. Ele citou as condições de saúde do cliente para justificar o atraso de quase dois dias de sua rendição. “Queríamos garantir as condições carcerárias dele, para que isso fosse feito com tranquilidade. (…) O juiz, um homem muito sério, fez questão de ressaltar as peculiaridades do senhor João. Isso não é privilégio, ele é um senhor de 77 anos com a saúde altamente debilitada.”
Segundo informações do MP, João de Deus deve passar a noite no Núcleo de Custódia do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, cidade vizinha a Goiânia.