Uma ação da Polícia Civil na região da Cracolândia, no Centro de São Paulo, abriu um conflito entre a prefeitura e o governo do Estado nesta quinta-feira. A administração municipal disse ter sido “surpreendida” e reclamou que a ação pode “comprometer a continuidade” de um programa recém-implantado para desmontar a chamada “favelinha” e remover os usuários de crack para hotéis da região – para ser beneficiado com a hospedagem e receber 15 reais por dia, o viciado deve trabalhar quatro horas no serviço de varrição das ruas do Centro.
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A Polícia Civil informou que três policiais à paisana foram ao local para prender traficantes, em uma ação rotineira do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Dernarc). Segundo a polícia, os traficantes se rebelaram com a presença dos policiais e iniciaram um confronto atirando pedras – três viaturas foram danificadas. Os policiais pediram reforço e responderam com bombas de gás lacrimogêneo. A prefeitura afirmou que os policiais usaram balas de borracha, o que o Denarc nega.
“A ação não tem nenhuma relação com o programa da prefeitura. O trabalho do Denarc é combater o tráfico de drogas”, disse ao site de VEJA a diretora do Denarc, Elaine Biasoli. Segundo ela, esse tipo de ação ocorre diariamente e já resultou na prisão de 33 pessoas por tráfico de drogas – mais quatro hoje.
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Após o confronto, que durou cerca de vinte minutos, trinta pessoas foram detidas e três policiais ficaram feridos.
No final da tarde, a prefeitura divulgou nota na qual critica duramente a ação policial. “A prefeitura repudia esse tipo de intervenção, que fez uso de balas de borracha e bombas de efeito moral contra uma multidão formada por trabalhadores, agentes públicos de saúde e assistência e pessoas em situação de rua, miséria, exclusão social e grave dependência química.”
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Leia a íntegra da nota da prefeitura:
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A administração municipal foi surpreendida pela ação policial repressiva realizada hoje na região da Cracolândia pelo Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), da Policia Civil. A prefeitura repudia esse tipo de intervenção, que fez uso de balas de borracha e bombas de efeito moral contra uma multidão formada por trabalhadores, agentes públicos de saúde e assistência e pessoas em situação de rua, miséria, exclusão social e grave dependência química. A “Operação de Braços Abertos” é uma política pública municipal pactuada com o governo estadual, que preconiza a não violência e na qual a prisão de traficantes deve ser feita sem uso desproporcional de força. Agentes da Prefeitura trabalham há seis meses para conquistar a confiança e obter a colaboração das pessoas atendidas. A administração reafirma seu empenho na solução deste problema da cidade e manifesta sua preocupação com este tipo de incidente, que pode comprometer a continuidade do programa. E expressou essa posição diretamente ao gverno do Estado.
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