A agressão física foi o principal fator responsável pela morte de mulheres por causas ligadas à violência. Estudo do Ministério da Saúde com base em registros de óbitos e atendimentos de saúde na rede pública mostra que de um total de 6.393 mortes registradas entre 2011 e 2016, em 4.930 (77%) houve agressão. Em 1.417 desses casos foi empregada força corporal do agressor ou espancamento.
Em 28,5% do total de casos registrados, as mulheres já tinham sofrido atos de violência no mínimo uma vez antes da morte. A residência da vítima foi o principal local de ocorrência e há registro do uso de álcool pelo agressor em 33% dos casos.
Nas mulheres adultas (30 a 59 anos), o espancamento (19,4% dos casos) e agressões com objetos perfurocortantes (15,1%) foram os principais meios de violência. O uso de arma de fogo foi o principal meio de agressão em 25,8% das agressões contra adolescentes (10 a 19 anos) e 21,1% contra jovens (20 a 29 anos).
A diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da pasta, Maria de Fátima Marinho Souza, que coordenou o trabalho, afirma que os números podem ser ainda maiores, porque não estão contabilizados os atendimentos particulares.
No período do estudo morreram, no Brasil, por dia, três mulheres que já haviam dado entrada em unidades de saúde pública em busca de tratamento para hematomas, fraturas e outros tipos de lesões associados à violência.
“Os dados representam histórias como a de Jerusa, de 37 anos, identificada pelo ministério. Em junho de 2015, ela procurou o hospital público com lesões após ser espancada por seu companheiro, João. O registro feito na época já indicava que as violências ocorriam repetidamente. Mas após o atendimento e a notificação, nada mudou. Jerusa continuou vivendo com o companheiro, que permaneceu impune. Oito meses depois, foi morta pelo marido”, relatou.
Para a coordenadora do estudo, a impunidade reforça a violência. No caso das mulheres, ela ocorre em todas as faixas etárias. Idosas e crianças têm maior risco de mote, entre 2011 e 2016, 294 crianças até 9 anos de idade morreram por violência externa e 752 idosas foram mortas. Os agressores nas crianças são, em maioria, os familiares (72,9%). No caso de mulheres jovens, os parceiros íntimos foram responsáveis por 36,5% dos casos.
(Com Estadão Conteúdo)