Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Thomas Traumann é jornalista e consultor de risco político. Foi ministro de Comunicação Social e autor dos livros 'O Pior Emprego do Mundo' (sobre ministros da Fazenda) e 'Biografia do Abismo' (sobre polarização política, em parceria com Felipe Nunes)
Continua após publicidade

Uma junta médica para Bolsonaro

A saúde do presidente não pode ser tratada com improviso

Por Thomas Traumann Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 22 jul 2020, 16h05

No dia 7 de julho, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que havia testado positivo para Covid-19. Na mesma entrevista, ele anunciou que estava tomando hidroxicloroquina, remédio que não é recomendado no início de tratamento. Isolado no Palácio da Alvorada, residência presidencial, o capitão passou os dias gravando vídeos para mostrar a sua boa disposição e fazer propaganda do medicamento, fabricado no Brasil por um empresário apoiador do presidente.

Na semana seguinte, o capitão anunciou em transmissão via Facebook que estava tomando também o vermífugo nitazoxanida, cujo nome comercial é Annita, e que não tem eficácia comprovada. No dia 15, Bolsonaro fez um segundo teste que mostrou a continuidade do vírus.

No domingo, 19, feito o personagem Rafiki do desenho O Rei Leão, Boslonaro ergueu em frente ao um grupo de seguidores uma caixa de remédio como se fosse uma relíquia sagrada. Bobagem. Hoje (22/07), saiu o resultado do terceiro exame: ele continua contaminado. A brincadeira cansou.

ASSINE VEJA

Crise da desigualdade social: a busca pelo equilíbrio Leia nesta edição: Como a pandemia ampliou o abismo entre ricos e pobres no Brasil. E mais: entrevista exclusiva com Pazuello, ministro interino da Saúde ()
Clique e Assine

Bolsonaro não é um paciente normal. Ele passa por dois eletrocardiogramas diários para checar possíveis arritmias, um dos efeitos colaterais da hidroxicloroquina, além de testes de pressão e medições de temperatura. Uma equipe com, no mínimo, um médico militar e um enfermeiro permanece no Alvorada 24 horas por dia 7 dias por semana. Se algo acontecer, as equipes de segurança são treinadas para leva-lo em 6 minutos até o Hospital de Base de Brasília. Em uma emergência maior, o campo em frente ao Palácio serve de pouso para helicóptero que pode levar o presidente ao aeroporto de Brasília em menos de 10 minutos. Com o avião presidencial, ele chegaria ao aeroporto de Congonhas, em São Paulo, em uma hora e vinte e nove minutos. O avião tem equipamentos de emergência hospitalar.

Esses procedimentos fazem parte da segurança do chefe de estado porque a saúde do presidente da República não é assunto apenas dele, mas de todos. Um presidente doente é uma crise institucional ambulante. O país já teve um presidente, Tancredo Neves, que mentia sobre o seu estado de saúde e empurrou o Brasil para um abismo do qual foi salvo pela responsabilidade de políticos como Ulysses Guimarães e militares como o general Leônidas Pires. O descaso de Bolsonaro com sua saúde parece ressuscitar esse risco.

Em democracias, a saúde do presidente é um assunto público. Os médicos dão entrevistas e os boletins são divulgados regularmente. Com Bolsonaro, tudo é improviso. Ele mesmo diz o que está tomando e exagera na boa disposição, o que é natural em qualquer paciente que quer receber alta. Isso é um erro. O presidente deveria ser examinado por uma junta médica com credibilidade que assuma as consequências da prescrição de medicamentos.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.