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Por Sérgio Rodrigues
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A silhueta de ‘monsieur’ Silhouette

Palavra que significa 'contorno, perfil' teve origem no nome de um político francês do século XVIII

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 00h32 - Publicado em 8 set 2015, 13h49

Um dos capítulos mais curiosos da etimologia é o dos nomes próprios de personagens históricos que se transformam em substantivos comuns. De vez em quando falamos de um deles aqui: boicote (de Charles Cunningham Boycott, militar inglês) e despautério (de Despauterius, gramático flamengo) são vocábulos que têm histórias saborosas.

O caso da palavra silhueta (“contorno, perfil”), que um dia os puristas condenaram como galicismo, não fica atrás. Como boicote e despautério, ela também nasceu de uma maledicência, registro ao qual nunca faltou apelo popular. Destoando dos termos acima, a ligação do sentido de silhueta com o personagem em questão é bem menos óbvia e até meio controversa. Seja como for, não se discute que teve origem numa homenagem às avessas.

O homem criticado era o político francês Étienne de Silhouette (1709-1767), que em 1759 exerceu por menos de um ano o cargo de controlador geral das finanças do país. Austero, tentou implementar uma reforma econômica ambiciosa, mas, administrador incompetente, limitou-se a esboçá-la e deixá-la incompleta. Isso deu origem à locução adverbial à la silhouette (“à moda de silhouette”), com o sentido de “de modo pobre, precário ou inacabado”. O sentido atual teria se desenvolvido a partir daí, influenciado ainda pelo fato de Silhouette ter como hobby traçar perfis humanos semelhantes ao da ilustração acima.

Essa história é contada pelo Trésor de la Langue Française, que, além de ser um dicionário de prestígio, merece crédito por falar a mesma língua de Étienne de Silhouette. No entanto, há variações em torno dela. O Webster’s etimológico também tem o direito de dar seu pitaco (silhouette estreou em inglês ainda no século XVIII, cem anos antes de desembarcar no português como silhueta) e faz uso dele para acrescentar detalhes ainda mais maldosos ao perfil do ministro francês.

Segundo essa versão, além de austero com o dinheiro público, o que o indispôs com a nobreza, o sujeito seria também um famoso pão-duro na administração de suas próprias finanças. “Desenhos de contornos, tão avaros de detalhes quanto Silhouette era com o dinheiro, ganharam seu nome”, anota o Webster’s. E acrescenta: “Foi sugerido até que uma de suas economias era decorar sua casa com esses contornos, que ele mesmo fazia, em vez de pinturas mais caras”.

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