Alckmin venceu?
Alçado à presidência do partido, Alckmin usará como palanque uma posição que é, hoje, pouco relevante
Para um ano que promete ser especialmente imprevisível, o PSDB foi generoso com analistas políticos. No último sábado, a convenção nacional do partido consagrou, na prática, o governador paulista Geraldo Alckmin como presidente do partido (até março de 2018) e candidato à presidência da República (a partir de abril de 2018). Isso ressuscita o partido atordoado pelo envolvimento cristalino de seu último presidente (e candidato à presidência), o senador Aécio Neves, em escândalos de corrupção. Não é relevante, ainda, analisar se Alckmin é o melhor candidato para a centro-direita, se poderia vencer Lula (PT) ou Bolsonaro (PEN) em um eventual segundo turno etc. Teremos meses intermináveis para isso. Por ora, a pergunta mais interessante é: o que fez Alckmin para pacificar o partido em um momento tão complicado?
Muito pouco, na verdade. Alckmin, informa Guilherme Venaglia, aceitou um acordo combinado entre os grupos políticos de Tasso Jereissati e Marconi Perillo (leia-se Aécio Neves) para ficar na presidência do partido por poucos meses. A partir de abril do ano que vem, Perillo assume o comando do PSDB. Será um dos principais responsáveis pela distribuição de recursos de campanha para deputados federais no ano que vem. Não à toa, mostra posição mais fisiológica do que a de Alckmin a respeito da reforma da Previdência, condicionando os votos da bancada tucana à liberação de emendas parlamentares. Alckmin fala apenas em “fechar questão” pela reforma e não explica bem como.
Em resumo: Alckmin usará os próximos quatro meses na presidência do partido (posição pouco relevante hoje) como palanque e, durante as eleições, a dupla Perillo-Neves fechará os acordos de financiamento com os candidatos a deputado pelo PSDB. Espera-se que, desta vez, sem ligar para Gilmar Mendes.
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