Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Continua após publicidade

Bolsonaro tem futuro incerto

As urnas sugerem que o eleitor está cansado de brigas

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 dez 2020, 08h45 - Publicado em 4 dez 2020, 06h00

As urnas mostraram que o eleitorado se cansou da polarização, prefere gente que governa a gente que briga, prefere quem defende a saúde a quem é irresponsável, inclina-se à centro-direita e continua não gostando da esquerda. Mas não indicaram quem está bem posicionado para a campanha eleitoral de 2022.

A esquerda foi derrotada (e o PT, massacrado): uma frente de esquerda terá pouca chance — isso se ela for possível, pois Lula só aceita se o PT estiver na cabeça, Ciro só aceita se for Ciro, e os outros não querem nenhum dos dois (“a esquerda só se une na cadeia”, dizia-se antigamente).

Para eleger Covas, João Doria preferiu ficar escondido — e onde já se viu candidato a presidente fugir de eleitor, ainda por cima no estado que governa? Doria tem rejeição demais, é paulista demais e rico demais para parecer competitivo. Rodrigo Maia é ruim de voto. Mandetta ninguém sabe, ninguém viu. Outros, como Covas, Eduardo Paes e ACM Neto não têm projeção nacional.

Os outsiders parecem desinteressados. Sergio Moro, que enfrentaria dificuldade pela resistência dos partidos a seu nome, parece ter jogado a toalha ao aceitar um polêmico emprego na iniciativa privada. Luciano Huck quer ser presidente, mas não candidato, e segue a carreira de apresentador da Globo e garoto-propaganda (atividades que o prejudicarão em uma eventual campanha).

Continua após a publicidade

“Resta ao presidente comer na mão do Centrão, que já o traiu em 2018, e de alguns prefeitos recém-eleitos”

Magalhães Pinto dizia que “política é como nuvem”, muda a cada minuto, mas, por enquanto, o mando de campo permanece com Jair Bolsonaro, cuja “estratégia” (por assim dizer) até agora tem sido mobilizar a militância com brigas incessantes e alimentar o medo do bicho-papão, o PT. No entanto, as urnas sugerem que o eleitor está cansado de briga e que o bicho-papão é um cachorro morto, chutá-lo não dará muito voto. Bolsonaro precisa de um plano B. Até porque, a olho nu, a impressão é que o plano A é eleger qualquer um que não seja Jair Bolsonaro.

O presidente precisa de uma economia saudável e de recursos para o auxílio emergencial, mas se comporta como se isso fosse cair do céu. A situação fiscal é desesperadora, mas ele não se interessa pelas reformas. Crescimento econômico exige controlar a pandemia, mas o presidente faz campanha contra a vacina. Insiste na destruição ambiental, que impede o acordo comercial com a Europa e nos indispõe com Joe Biden — cuja eleição Bolsonaro declara fraudulenta. E hostiliza a China, arriscando as exportações de carne e soja e os votos do Centro-Oeste, que delas depende.

Continua após a publicidade

Bolsonaro rompeu com o PSL, não criou a APB e chegou a 2020 sem partido nem estratégia: o resultado é que quem venceu não lhe deve nem a vitória de hoje nem apoio em 2022. Resta a Bolsonaro comer na mão do Centrão, que o traiu em 2018 (para aderir a Alckmin) e traiu Dilma em 2016, e de alguns prefeitos recém-eleitos, como os da Baixada Fluminense, no Rio, que acabam de trair o PT. Muy amigos.

Se o presidente não mudar de rumo, vai criar uma tempestade tão perfeita que a discussão sobre quem tem melhores chances de derrotá-lo perderá o sentido. Até o Cabo Daciolo vai conseguir.

Publicado em VEJA de 9 de dezembro de 2020, edição nº 2716

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.