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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
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Varrei a imprensa, tufão!

Ai, Jesus! Tenho chamado o tom das notas e das entrevistas concedidas pelos petistas de “condoreiro”, numa referência ao “condoreirismo”, manifestação da poesia romântica do século 19, marcada pela denúncia das injustiças sociais e pela grandiloqüência, pela retórica inflamada —  e inflada. É claro que é uma ironia, né? Um dos nossos “condoreiros” foi Castro […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 14h13 - Publicado em 16 set 2010, 19h51

Ai, Jesus!

Tenho chamado o tom das notas e das entrevistas concedidas pelos petistas de “condoreiro”, numa referência ao “condoreirismo”, manifestação da poesia romântica do século 19, marcada pela denúncia das injustiças sociais e pela grandiloqüência, pela retórica inflamada —  e inflada. É claro que é uma ironia, né? Um dos nossos “condoreiros” foi Castro Alves, um bom poeta às vezes (ih, lá vem porrada: “Às vezes???”). Tiro o sarro dos petistas porque, pilhados ou flagrante delito ou em pesadas suspeitas, saem aos berros:

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus?!
Ó PT, por que não apagas
Co’a esponja de tuas pragas
Do país a apuração?
Astros! noites! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei a imprensa, tufão!

Todos se lembram daquela primeira nota de Erenice, não? Aquela em que ela atacava a VEJA, chamava a reportagem de “a mais desmoralizada da história” e afirmava que tudo não passava de uma tramóia do candidato “derrotado”. E tudo em papel com o brasão da República. Crime óbvio de abuso de poder político. Era uma das variações do estilo condoreiro petista: o “condoreiro-eleitoral”.

E há o “condoreiro-ressentido”, como na carta de demissão de Erenice — quase com um sotaque da carta-suicida de Getúlio, mas com fim eficiante: “I’ll survive”. Leiam. Volto em seguida:

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“Senhor presidente,
Nos últimos dias fui surpreendida por uma série de matérias veiculadas por alguns órgãos da imprensa contendo acusações que envolvem familiares meus e ex-servidor lotado nesta Pasta.
Tenho respondido uma a uma, buscando esclarecer o que se publica e, principalmente, a verdade dos fatos, defrontando-me com toda sorte de afirmações, ilações ou mentiras que visam desacreditar meu trabalho e atingir o governo ao qual sirvo.
Não posso não devo e nem quero furtar-me à tarefa de esclarecer todas essas acusações e nem posso deixar qualquer dúvida pairando acerca de minha honradez e da seriedade com a qual me porto no serviço público. Nada fiz ou permiti que se fizesse, ao longo de 30 anos da minha trajetória pública, que não tenha sido no estrito cumprimento de meus deveres.
Prova irrefutável dessa minha postura é que já solicitei à Comissão de Ética a abertura de procedimento para esclarecimento dos fatos aleivosamente contra mim levantados, à Controladoria-Geral da União a auditagem dos atos relativos à ANAC, dos Correios e da contratação de parecer jurídico na EPE, além de solicitar ao Ministério da Justiça a abertura dos procedimentos que se fizerem necessários no âmbito daquela Pasta para esclarecer os citados fatos.
No entanto, mesmo com todas essas medidas por mim adotadas, inclusive com a abertura dos meus sigilos telefônico, bancário e fiscal, a sórdida campanha para desconstituição da minha imagem, do meu trabalho e da minha família continuou implacável. Não apresentam uma única prova sobre minha participação em qualquer dos pretensos atos levianamente questionados, mas mesmo assim estampam diariamente manchetes cujo único objetivo é criar e alimentar artificialmente um clima de escândalo. Não conhecem limites.
Senhor presidente, por ter formação cristã não desejo nem para o pior dos meus inimigos que ele venha a passar por uma campanha de desqualificação como a que se desencadeou contra mim e minha família. As paixões eleitorais não podem justificar esse vale-tudo.
Preciso agora de paz e tempo para defender a mim e minha família fazendo com que a verdade prevaleça, o que se torna incompatível com a carga de trabalho que tenho a honra de desempenhar na Casa Civil.
Por isso, agradecendo a confiança de Vossa Excelência ao designar-me para a honrosa função de Ministra-Chefe da Casa Civil da Presidência da República, solicito, em caráter irrevogável, que aceite meu pedido de demissão.
Cabe-me daqui por diante, a missão de lutar para que a verdade dos fatos seja restabelecida.
Brasília, 16 de setembro de 2010.
Erenice Guerra”

Vamos ver
1 – Erenice não respondeu a coisa nenhuma até agora nem esclareceu nada. Até porque se calou e preferiu se comunicar por meio de uma nota estúpida.
2 – Os fatos demonstram, infelizmente, que as investigações conduzidas por órgãos no Estado não têm sido independentes e têm servido não para punir o malfeito, mas para proteger malfeitores. Posso citar casos e A a E, de E a Z.
3 – Quem “não conhece limites”, minha senhora? Não conhece limites o filho de uma secretária-executiva de ministério (e depois ministra) que atua como lobista e ainda marca encontro dos clientes com a mãe. Ou não conhece limites a mãe que, na posição em que estava Erenice, permite que o filho tenha tal atividade. Qual limite, dona Erenice? Aquele entre a coisa pública e a coisa privada.

Erenice volta a incidir — e com o auxílio agora explícito de Franklin Martins — na estupidez de chamar tudo de “paixões eleitorais”. Foi a “paixão eleitoral” que fez de Israel um “especialista” na intermediação de negócios entre empresas e governo?

Um conselho aos petistas: cuidado com uma variante desse estilo, o “condoreiro-ridículo”. Já começa a dar na vista.

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