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Os protestos e “A Rebelião das Massas”

Nunca um texto como “É Lula de novo com a culpa do povo” (abaixo) gerou tanta reação. De aceitação e de repúdio. O Blog do Noblat está abringando o “cortem a cabeça de Reinaldo Azevedo”. É um bom lugar para perder a cabeça, sem dúvida. Tenho aqui mais uns 600 comentários para postar. Mais da […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 23h03 - Publicado em 30 out 2006, 01h33
Nunca um texto como “É Lula de novo com a culpa do povo” (abaixo) gerou tanta reação. De aceitação e de repúdio. O Blog do Noblat está abringando o “cortem a cabeça de Reinaldo Azevedo”. É um bom lugar para perder a cabeça, sem dúvida. Tenho aqui mais uns 600 comentários para postar. Mais da metade deve ser me esculhambando. O pior do petismo é justamente isto: a apologia da ignorância e a incapacidade de ler o que está escrito. É uma gente violenta, deselegante, sociopata. O que há de ameaça, inclusive física, feita no conforto do anonimato, é um escândalo. É isso o que eles querem. Deve ser a isso que Lula chamou em seu pronunciamento “vitória da sabedoria do povo brasileiro”.

Os que pretendem ser mais sabidos chamam-me “fascista”. Errado. O fascismo é um regime de massas. Eu acho que as massas embrutecem o poder. Meu livro de cabeceira é A Rebelião das Massas, de Ortega y Gasset. Trata da realidade européia, mas há nele afirmações que são universais — isto é, independem de tempo e momento. O autor não era, claro, uma marxista como Marxilena Oiapoque, razão por que não é lido nos cursos de ciências humanas das universidades brasileiras. Lembram-se daqueles testes? Pergunte a seu professor esquerdista, de preferência àquele mais loquaz e aparentemente sabido, o que ele pensa sobre esse livro. Não leu. Ele vai apenas dizer que “Ortega y Gasset era um reacionário”.

Quer dizer que contestar a sapiência popular é um ato em si mesmo criminoso? Isso significa, por exemplo, anuir com o fascismo e com o nazismo ou, nesse caso, ressalvam-se as disposições em contrário? Os petralhas podem rosnar à vontade. Têm até um canil pra isso. Aos civilizados, deixo um trecho do capítulo 7 de A Rebelião das Massas, chamado “Vida Nobre e Vida Vulgar ou Esforço e Inércia”. Como estão reclamando do itálico, vou postar em azul para distinguir.
(…)
O homem que analisamos habitua-se a não apelar de si mesmo a nenhuma instância fora dele. Está satisfeito tal como é. Ingenuamente, sem necessidade de ser vão, como a coisa mais natural do mundo, tenderá a afirmar e considerar bom tudo quanto em si acha; opiniões, apetites, preferências ou gostos. Por que não, se, segundo vemos, nada nem ninguém o força a compreender que ele é um homem de segunda classe, limitadíssimo, incapaz de criar nem conservar a organização mesma que dá à sua vida essa amplitude e esse contentamento, nos quais baseia tal afirmação de sua pessoa?

Nunca o homem-massa teria apelado a nada fora dele se a circunstância não lhe houvesse forçado violentamente a isso. Como agora a circunstância não o obriga, o eterno homem-massa, conseqüente com sua índole, deixa de apelar e sente-se soberano de sua vida. Contrariamente, o homem seleto ou excelente está constituído por uma íntima necessidade de apelar de si mesmo a uma norma além dele, superior a ele, a cujo serviço livremente se põe. Lembre-se de que, no início, distinguíamos o homem excelente do homem vulgar dizendo: que aquele é o que exige muito de si mesmo, e este, o que não exige nada, apenas contenta-se com o que é e está encantado consigo mesmo. Contra o que sói crer-se, é a criatura de seleção, e não a massa, quem vive em essencial servidão. Sua vida não lhe apraz se não a faz consistir em serviço a algo transcendente. Por isso não estima a necessidade de servir como uma opressão. Quando esta, por infelicidade, lhe falta, sente desassossego e inventa novas normas mais difíceis, mais exigentes, que a oprimam. Isto é a vida como disciplina – a vida nobre –. A nobreza define-se pela exigência, pelas obrigações, não pelos direitos. Noblesse oblige. “Viver a gosto é de plebeu: o nobre aspira a ordenação e a lei” (Goethe).

Os privilégios da nobreza não são originariamente concessões ou favores, mas, pelo contrário, são conquistas, e, em princípio, supõe sua conservação que o privilegiado seria capaz de reconquistá-las em todo instante, se fosse necessário e alguém se lho disputasse. Os direitos privados ou privilégios não são, pois, posse passiva e simples gozo, mas representam o perfil onde chega o esforço da pessoa. Contrariamente, os direitos comuns, como são os “do homem e do cidadão”, são propriedade passiva, puro usufruto e benefício, tão generoso do destino com que todo homem se encontra, e que não corresponde a esforço algum, como não seja o respirar e evitar a demência. Eu diria, pois, que o direito impessoal se tem e o pessoal se mantém.”

São palavras de pura iluminação. Que sentido farão hoje em dia? De novo, não dou a menor pelota pra isso. Felizmente, não preciso simplicar as coisas para ser entendido pelos meus leitores. Estão aqui, aos milhares, mesmo sendo a vida como é. E até a petralhada pode aprender alguma coisa…

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