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NOBEL PARA OBAMA REVELA, ENFIM, A FARSA

Começo do ponto em que larguei o post anterior. Barack Obama levar o Nobel da Paz é uma evidência de que…, bem, é uma evidência de que os críticos que denunciam a existência do mito midiático que precede o homem e o político estão certos. Logo, Tio Rei sempre esteve certo, hehe. Essa láurea expõe […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 16h41 - Publicado em 9 out 2009, 18h25

Começo do ponto em que larguei o post anterior. Barack Obama levar o Nobel da Paz é uma evidência de que…, bem, é uma evidência de que os críticos que denunciam a existência do mito midiático que precede o homem e o político estão certos. Logo, Tio Rei sempre esteve certo, hehe. Essa láurea expõe ao ridículo, convenham, a figura do próprio Obama. Bastaram 12 dias de governo para que fosse merecedor da distinção? Por qual obra exatamente? Respondo: é tido como o homem que derrotou George W. Bush. Como Jorjibúxi era o satã de plantão, então Obama é o homem que venceu o mal. Já volto aqui. Antes, algumas considerações.

Quantas vezes já manguei da imprensa mundial – sim, mundial! – com a sua mania de classificar os discursos de Obama de históricos? Sempre apontei a característica absolutamente singular da figura: é a única pessoa do planeta a fazer história antes da história.

Todos os grandes vultos da humanidade contaram com o concurso de historiadores para avaliar a sua obra e então concluir: “Fulano fez história”. No caso de Obama, os “historiadores” se antecipam. A imprensa e a academia estão cheias de Plutarcos de meia-tigela para cantar as glórias do homem ilustre. Assim, para quem faz história antes da história, nada como um prêmio que o homenageia pela paz que ele anuncia que será conquistada um dia. O fato combina com o seu sorriso de modelo de estátua.

No último texto que escrevi nesta madrugada – quase premonitório, hehe… -, abordei as várias formas que o esquerdismo (ou a antiga visão socialista) foi assumindo: pacifismo, ecologismo, defesa de minorias etc. Na raiz de todas essas manifestações, está a idéia do “outro mundo possível”, que pode não ser mais socialista propriamente, mas será necessariamente anticapitalista e antiamericano. Note-se que essas novas irracionalidades influentes são próprias do chamado “Primeiro Mundo”; no Terceiro, o antiamericanismo ainda fala a língua do antiimperialismo (caso de Hugo Chávez e das esquerdas latino-americanas) ou anticolonialistas – qualquer dos ditadores africanos.

Nos fóruns em que essa miudeza terceiro-mundista dá as cartas, os EUA estão por baixo. Se o país disputar a sede da Olimpíada ou um concurso para eleger o presidente mais charmoso do mundo, a derrota será certa. Nem Obama pode mudar isso. Já aquele antiamericanismo light, do esquerdismo convertido em particularismos, tem em Obama o seu ícone. Isso a que a academia está chamando “paz” é, na verdade, a crença, não despropositada, de que Obama comandará a renúncia dos EUA à condição de potência mundial. Certamente consideram que a “paz” é a profissão de fé “multilateralista” de Obama. E se entenda por esse “multilateralismo” a tolerância com localismos trogloditas, como o chavismo por exemplo.

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Duas falas de Obama são exemplares. Ao defender Chicago como sede das Olimpíadas, ele praticamente pediu desculpas ao mundo. Quase implorou uma chance para os EUA se refazerem da má impressão causada nos últimos oito anos. Ocorre que o ódio a Bush pode até ter uma base real ou verossímil (cada um julgue segundo o seu ponto de vista), que é a guerra no Iraque. Mas certamente o condenavam também por fazer a coisa certa: combater o terrorismo. No caso da pequena Honduras, cobrado por ambos os lados, Obama disse algo como: “Antes nos condenavam por intervir excessivamente nos conflitos; agora, cobram a nossa intervenção”.

A paz de Obama é a paz dos omissos; é a paz que prega a redução do arsenal nuclear das grandes potências, enquanto a periferia belicista dá curso à corrida nuclear; é a paz dos mísseis de longo alcance da Coréia do Norte e do Irã; é a paz dos aliados da Europa Oriental deixados à própria sorte – são assunto da Rússia -, sem que Putin tenha dado em troca nem mesmo um sorriso.

Não vou aqui dar uma de Cassandra, até porque a coitada sofria por antever as coisas certas, embora não acreditassem nela. Não faço antevisões, mas deduções a partir da lógica do processo. É claro que o dano da omissão americana custará muito mais caro do que o risco do antigo intervencionismo.

Obama faz história antes da história e alcança a paz antes da paz. Tudo muito coerente com quem escreveu dois livros autobiográficos antes mesmo de ter vivido.

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