Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Por Blog
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

MST, uma estética, uma ética…

Por Eduardo Davis, da Efe, publicado no Estadão On Line. Volto depois: O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) iniciou nesta terça-feira, 12, os debates do 5º Congresso Nacional, marcados por críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por declarações em favor das “revoluções” cubana e venezuelana. O encontro reúne cerca de 18 […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 22h23 - Publicado em 12 jun 2007, 21h39

Por Eduardo Davis, da Efe, publicado no Estadão On Line. Volto depois:

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) iniciou nesta terça-feira, 12, os debates do 5º Congresso Nacional, marcados por críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por declarações em favor das “revoluções” cubana e venezuelana.

O encontro reúne cerca de 18 mil dirigentes do MST, e é realizado num ginásio de Brasília, transformado em um grande acampamento. O primeiro dia de discussões foi marcado pelo caráter “combativo” do movimento, por palavras de ordem em favor dos processos “revolucionários” em Cuba e na Venezuela, e por fortes críticas à “paralisação da reforma agrária” no governo Lula.

Apesar de ser um antigo aliado do MST, Lula se transformou em uma das figuras mais criticadas no início do Congresso. O presidente foi, inclusive, vítima de uma espécie de “veto” dos militantes, que se opuseram à presença dele nas reuniões.

Vanderlei Martini, um dirigente do movimento de 27 anos, disse à Agência Efe que ministros entraram em contato com a direção do MST para negociar a participação de Lula em um dos debates. No entanto, o pedido foi rejeitado, como antecipou o Estado na última segunda-feira.

Continua após a publicidade

O MST alega que deseja “manter sua independência” em relação a um governo que, segundo Martini, “a cada dia se afasta mais do povo para se aproximar dos grandes empresários do agronegócio e dos banqueiros”. Os sem-terra criticam a suposta estagnação nos planos de reforma agrária durante os quatro anos e meio da gestão de Lula.

Segundo dados do governo, nesse período, foram assentadas 381.419 famílias de sem-terra e a meta era assentar 400 mil famílias. Entretanto, segundo o MST, os assentamentos reais correspondem somente à metade do número. O restante diria respeito à regularização de terras já outorgadas anteriormente.

Além disso, o MST alega que o Lula apoiou o cultivo de transgênicos e os projetos para a produção de biocombustíveis, em detrimento dos pequenos agricultores, para agradar latifundiários. “Não é o MST que está se afastando de Lula, mas é seu governo que está se afastando dos camponeses”, disse Martini, um dos 300 membros da direção nacional do movimento. O MST representa cerca de dois milhões de trabalhadores rurais.

Apoio a Chávez
Em clima de harmonia, um grupo discutia os rumos da Venezuela e, em declarações à agência Efe, afirmou que teve início “uma verdadeira revolução popular” no país de Hugo Chávez Para Marina dos Santos, da coordenação nacional do MST, o processo venezuelano é muito diferente do observado no Brasil. Para eles, “Lula se viu obrigado a governar com a direita”, porque “o Estado brasileiro foi seqüestrado”.

Nesta quarta-feira, no segundo dia de debates, cerca de 1.500 crianças se transformarão na frente de combate do movimento, e farão uma passeata até o Ministério da Educação. Elas exigirão mais apoio às escolas que o MST mantém nos assentamentos.

Enquanto isso, os sem-terra continuarão a redigir o documento que pretendem entregar no Palácio do Planalto na quinta-feira, quando sairão para protestar. Segundo Vanderlei Martini, a carta que está sendo elaborada pela direção nacional do movimento conterá “as críticas mais duras que Lula já ouviu do MST”.

Continua após a publicidade

O Congresso termina nesta sexta-feira e deve definir as “linhas de luta” do movimento para os próximos cinco anos. O evento é realizado no ginásio Nilson Nelson, com capacidade para 20 mil pessoas. Nos arredores, desde terça-feira, há dezenas de barracas, onde os membros do MST dormem, comem, debatem e vendem o que os sem-terra colhem nos assentamentos, como produtos agrícolas orgânicos.

Comento
Não dá pra leva a sério essa cascata. No dia em que o governo cortar o leite de pata federal que alimenta os valentes de João Pedro Stédile, o movimento acaba. Ou bastaria uma lei que fosse, de fato, aplicada, que os obrigasse a prestar contas da aplicação dos recursos. Já disse aqui: o MST não é um movimento pela reforma agrária. É, isto sim, uma empresa de ideologia.

Vejam no Estadão On Line a foto do encontro, tirada pela agência Efe. Os comandados de João Pedro estão todos de camiseta vermelha com chapéus de palha. As abas são um pouco maiores do que os normalmente usados pelos agricultores. Eles também são mais altos. João Pedro é um esteta. Há nos seus homens algo que remete ao muralismo mexicano; há uma busca óbvia por uma linguagem, digamos assim, latino-americana.

Comparem a foto da Efe com uma outra, feita pela fotógrafa comunista italiana Tina Modotti, de 1926, chamada “Campesinos”. A questão não se esgota numa, vá lá, frescura estética. O MST hoje tem uma expressão latino-americana que é a Via Campesina. É ela que busca coordenar o movimento agrário em todo o continente — menos, claro, em Cuba ou na Venezuela, onde os “companheiros” já chegaram ao poder.

PS: Tina Modotti (1896-1942) teve uma vida fascinante e conturbada. Pesquisem a respeito. Talentosa, fez parte de uma geração moralmente corrompida pelo mito da revolução. Foi membro ativo da mítica esquerda mexicana que misturou ética com estética.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.