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Marina, o “ninguém-presta-só-eu”, a OAS e o caixa dois

Léo Pinheiro diz que intermediários da agora líder da Rede pediram doação por fora em 2010 porque candidata não queria aparecer ligada a uma empreiteira

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 22h31 - Publicado em 14 jun 2016, 09h11

Está dando o que falar a informação que vazou das negociações que Léo Pinheiro faz com vistas a uma delação premiada, segundo as quais intermediários de Marina Silva lhe pediram, em 2010, doação pelo caixa dois porque ela não queria seu nome associado a empreiteiras. Marina disputou a Presidência, então, pelo PV. O pedido teria sido feito pelo empresário Guilherme Leal e por Alfredo Sirkis, então coordenador nacional da campanha. O trio nega. Vamos lá.

O Globo já deu a informação com o devido destaque. Nesta terça, é manchete da Folha. Merece toda essa visibilidade? Bem, acho que sim, não é? Marina não tem a obrigação moral de ser mais honesta do que ninguém — o que se quer é todos sejam honestos. Mas é claro que eventuais denúncias que a envolvam ganham um especial acento. E por quê?

Porque há muito tempo Marina é uma espécie de Catão moralizador do jogo do poder. De tal sorte ela se quer diferenciada dos demais políticos que se esmera até em jogos de palavras para buscar categorias que estariam acima das miudezas — e safadezas — a que outros se entregariam. Ainda que, a exemplo de todo mundo, também ela nada mais faça do que… política!

Peguem o caso da luta pelo impeachment. Marina não se envolveu. Na verdade, passou boa parte do tempo bombardeando a tese. Na reta final, sem discurso, acabou dando seu endosso pessoal ao impedimento, mas o representante da Rede na Comissão Especial da Câmara votou contra. Em plenário, seus quatro deputados se dividiram: dois pra lá, dois pra cá. Convenham: isso é a cara de Marina.

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Mais do que isso: tão logo a petista foi afastada, Marina aderiu àquela história de “Nem Dilma nem Temer, mas novas eleições”, apelando ao TSE. Com a devida vênia, é uma vigarice intelectual. Por quê? Marina sabe muito bem que a questão não será julgada pelo tribunal antes de 2017. Assim, caso a chapa que elegeu Dilma-Temer seja cassada nos dois anos finais de mandato, a Constituição prevê a realização de eleições indiretas.

Outra coisa: antecipar a data de eleição ou retardá-la é simplesmente inconstitucional. Fere cláusula pétrea da Constituição, e isso, portanto, não pode ser feito nem por emenda. Logo, o que quer, de fato, Marina Silva? Escolher o impossível para jogar os outros na fogueira, em benefício dos próprios interesses eleitorais. Porque, afinal, ela, a exemplo do que se queria o PT lá d’antanho, se considera “diferente disso tudo o que está por aí”.

Notem: Marina apostou na permanência de Dilma, mesmo com o país indo para o buraco, e agora faz a defesa de uma espécie de vazio institucional. Das duas uma: ou ela acredita mesmo nessa possibilidade e é uma doida — e não me parece que seja — ou reveste seu oportunismo de superioridade moral.

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A ser verdade o que informam as reportagens e a ser Léo Pinheiro fiel aos fatos, essa diferença, também nesse particular, se revela apenas no discurso. Notem: eu estou apontando a fala hipócrita de Marina no que concerne à questão propriamente política, ainda que destituída de qualquer safadeza mais mundana.

Sirkis afirma que, em 2010, a OAS doou R$ 400 mil, devidamente registrados, ao PV do Rio e que esse dinheiro foi empregado na campanha do Estado e de deputados federais. Nada teria ido para a disputa nacional.

Marina afirma que, se pediram dinheiro em seu nome, ela não sabia de nada. E diz que apoia as investigações. Que bom que apoie! Continuariam mesmo que não apoiasse.

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Vamos ver o que vem na delação de fato, quando ela existir.

Texto publicado originalmente às 7h03
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