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Marina e Campos: ela é comensal, mutualista ou parasita? Ou: Como a chefona da Rede aposta, desde já, na derrota do “aliado”

Vejo com simpatia, por definição, candidaturas de oposição a Dilma Rousseff, o que não chega a ser surpresa para o meu leitor, certo? Isso não quer dizer que eu ignore que pode, sim, haver coisa pior do que o petismo. Marina Silva como titular de uma candidatura, por exemplo, no meu “piorômetro”, obtém mais pontos […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 04h40 - Publicado em 13 jan 2014, 15h58

Vejo com simpatia, por definição, candidaturas de oposição a Dilma Rousseff, o que não chega a ser surpresa para o meu leitor, certo? Isso não quer dizer que eu ignore que pode, sim, haver coisa pior do que o petismo. Marina Silva como titular de uma candidatura, por exemplo, no meu “piorômetro”, obtém mais pontos do que Dilma — e já escrevi isso aqui. Não surpreendo ninguém também nesse caso. Estou entre aqueles que consideram que, boa parte das vezes, o que ela fala não faz sentido; mas é justamente quando faz que ela salta para a primeira posição do “piorômetro”. De todo modo, por enquanto ao menos, que se saiba, o candidato do PSB será Eduardo Campos, hoje governador de Pernambuco.

Pois bem.

Nesta segunda, Campos admitiu que há divergências entre o PSB e a Rede — partido que, por enquanto, usa os peessebistas como barriga de aluguel —, mas que elas serão resolvidas e coisa e tal e que aqueles que apostarem na divergência entre ambos vão perder. Segundo diz, em mais de 20 estados, há convergência. Então tá.

Um dos palcos da discórdia é São Paulo. O PSB local quer se aliar ao governador Geraldo Alckmin, candidato à reeleição pelo PSDB. Marina não quer saber e insiste na candidatura própria. Embora os dois grupos tenham decidido que, onde não houver consenso, cada um segue o seu caminho, parece que, nas terras paulistas, não pode ser assim. E olhem que é grande a chance de o PSB ter o candidato a vice na chapa de Alckmin caso haja acordo.

Campos afirmou ainda o seguinte: “Se você for fazer um quadro comparativo dos problemas que tem na aliança governista em cada Estado, enche uns dez cadernos de jornal e umas 50 telas. Nós temos muito menos problemas e temos, sobretudo, a disposição de resolvê-los”.

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Pois é, governador… Eis um fato que só ajuda a distorcer a verdade caso se vá fazer uma comparação a sério. Por quê? Quantos aliados tem Dilma Rousseff? Todos! Quantos aliados tem o PSB? Um! Que a aliança governista enfrente dificuldades em razão de suas coligações-ônibus nos estados é até compreensível. Ocorre que o seu partido, até agora, tem o apoio apenas do PPS. A Rede, como se sabe, ainda não existe formalmente.

É claro que Marina Silva agrega, entre perdas e ganhos, um saldo positivo de votos a Campos caso se candidate a vice, por exemplo. Mas não deixa de ser impressionante o seu esforço para, na prática, impedir que seu aliado tenha um palanque forte no estado com o maior número de eleitores do país.

A resistência da chefona da Rede à aliança com o PSDB atende aos interesses do PSB e de Campos ou aos de seu partido e dela própria? Ao tentar, de todas as formas, impedir essa aliança, Marina está tacitamente admitindo que o governador de Pernambuco já é um derrotado, que suas chances eleitorais são muito pequenas e que é preciso, desde já, pensar no cenário pós-2014.

O governador de Pernambuco diz ainda: “Há um desejo de que essas coisas [aliança com Marina] não deem certo. Tem muita gente que deseja muita coisa e não consegue. Não vão conseguir essa, por exemplo”. Tem lá a sua graça no jogo político e coisa e tal, mas a fala, lamento observar, não faz sentido. Digamos que o PT queira, sim, que a aliança se inviabilize. Ora, querer coisas é do jogo político. Torcer contra os adversários também. Mas de uma coisa não se pode acuar o PT: de estar criando dificuldades para Campos em São Paulo. Quem está empenhada, de forma pertinaz, nesse propósito é… Marina Silva.

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Não há nenhuma razão objetiva para ela recusar a aliança em São Paulo a não ser, reitero, o esforço para fortalecer o seu próprio partido e a certeza antecipada da derrota do seu aliado — o que, convenham, é o fim da picada a esta altura do jogo. Sob qualquer critério que se queira, a gestão paulista é, por exemplo, bem mais “verde”, bem mais “ecológica”, do que a do Acre, onde Marina é governo há 15 anos, aliada aos petistas. Não é muito popular por lá. Na eleição de 2010, ficou em terceiro lugar em seu próprio estado, atrás de Serra (em primeiro) e Dilma.

Quem poderia estar agastado com a eventual composição do PSB com o PSDB em São Paulo é o senador Aécio Neves (PSDB), que veria o palanque governista no estado dividido entre a sua candidatura e a de Campos. Esse, sim, poderia ser um arranjo difícil, e, no entanto, ele se viabilizou.

Não adianta Campos tentar dourar a pílula. Quem está criando constrangimentos importantes para o PSB em São Paulo não são os petistas, mas a própria Marina Silva, que tem, como qualquer hospedeiro — refiro-me à biologia —, as suas próprias prioridades. A questão é saber se Marina usará o PSB como comensal, mutualista ou parasita.

Impedir a aliança do PSB com o PSDB em São Paulo caracteriza escancarado parasitismo.

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